O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, iniciou uma investigação contra o líder da oposição, Juan Guaidó, por seu suposto envolvimento na sabotagem do sistema energético nacional, além de várias outras acusações, incluindo de apelos à violência em massa.
O jornalista Nick MacWilliam explicou à Sputnik Internacional por que este processo é importante e como pode afetar Guaidó e a imagem e status dos países ocidentais que apoiam o opositor que se autoproclamou presidente. MacWillam indica que o apagão está acontecendo há cerca de 5 ou 6 dias, afetando as redes de energia em todo o país e o abastecimento de água, então o governo deve descobrir sem dúvidas qual é a razão do apagão.
"Claro que isto poderia ter sido resultado de uma sabotagem, mas estou certo de que há outras opções que o governo está considerando, por exemplo, uma falha do sistema, bem como as sanções contra o país que estão em vigor há 2 anos, e mesmo antes disso. O governo não analisar cada opção em particular seria uma falha no cumprimento de suas obrigações perante o povo", disse MacWilliam.
"No passado, na década de 1970 no Chile e na década de 1980 na Nicarágua, já vimos a estratégia intervencionista americana destinada a desestabilizar os governos de ambos os países e tendo como alvo a infraestrutura. Vimos também a reação dos políticos norte-americanos na administração Trump: poucas horas após o início do apagão, Mike Pompeo escreveu no Twitter que o que aconteceu foi mais um passo para afastar Maduro.
Segundo o especialista, existe uma especulação política, que continua independentemente de qual seja a verdadeira causa do que aconteceu. A imagem de Guaidó a nível internacional, suas reivindicações da presidência, parecem ter perdido força.
"Mesmo os países latino-americanos que antes apoiavam decididamente Guaidó parecem estar voltando atrás; assim, de fato, os Estados Unidos e Guaidó estão ficando cada vez mais isolados", acrescentou MacWilliam. "Guaidó se proclamou presidente, mas não sei qual é o presidente que apelaria aos Estados Unidos para intervirem com forças militares em seu país e contra o seu povo", adicionou.
O jornalista observou que, em sua opinião, os EUA dependiam em parte da Colômbia relativamente a qualquer estratégia de intervenção militar. Mas agora a Colômbia parece ter recuado perante as possíveis consequências.
"Se uma guerra começar na Venezuela, ela seria um desastre para a Colômbia. Venezuela e Colômbia compartilham uma fronteira de 2.000 quilômetros; claro que a desordem afetaria o país… A última coisa que eles precisam é de uma intervenção. Além disso, a população do país provavelmente não concordaria com isso de bom grado e o país enfrentaria fortíssimos tumultos em massa", concluiu MacWilliam.
O colapso energético na Venezuela ocorreu no dia 7 de março após um acidente nesse país na hidrelétrica de Guri, responsável por 80% de toda a energia fornecida. O acidente atingiu mais duramente os sistemas de transporte e os serviços públicos, pelo menos 20 dos 23 estados venezuelanos foram atingidos pelo apagão. O governo venezuelano considerou o incidente de "sabotagem" e de um episódio na guerra energética contra o país.