O encontro preparatório para a 11ª Cúpula do grupo, que acontecerá em Brasília em novembro, contou com ministros das Relações Exteriores e altos funcionários das chancelarias dos países do bloco.
A crise da Venezuela foi levada aos representantes dos países do BRICS pelo Brasil. Enquanto o Brasília apoia a oposição e o autoproclamado presidente Juan Guaidó, a Rússia e a China são os principais apoiadores do governo de Nicolás Maduro.
Denilde Holzhacker, professora de Relações Internacionais da ESPM-SP, conversou com a Sputnik Brasil sobre o tema e afirmou que Brasil tem se mostrado muito ativo em relação à crise no paíse vizinho e que tenta buscar mais apoio também da Índia e da África do Sul, que teriam se posicionado até então com cautela.
"Brasil entendeu que esse é um fórum importante para colocar a questão e tentar, se não conseguir o apoio da China e Rússia, buscar uma flexibilização desses dois países e um apoio maior à oposição", disse a especialista.
Para Holzhacker, apesar da Venezuela ser um ponto de discordância, a agenda do bloco é muito ampla e a apresentação do tema não deve prejudicar as conversações. No entanto, certamente os países do BRICS estão atentos para as mudanças no governo do Brasil e ainda buscam entender para onde Brasília está caminhando na arena internacional.
"O bloco ainda está tentando entender a política externa do governo Bolsonaro" afirmou. "Mas esse ainda é um espaço de diálogo importante", acrescentou.
"A discussão sobre Venezuela é um reflexo de uma nova posição do Brasil e de sua prioridade à aliança com os Estados Unidos", alertou a professora. No entanto, ainda é necessário acompanhar os processos em curso para observar se essa aliança será em detrimento dos blocos regionais ou se ainda há espaço para o multilateralismo no Itamaraty.
"De qualquer forma, se o Brasil conseguir levar esse debate sobre Venezuela para o BRICS", concluiu a professora, "e transformar o bloco em um mediador, a façanha diplomática seria impressionante e poderia compor o início de uma solução para a crise".