Durante coletiva de imprensa após encontro com Jair Bolsonaro, presidente norte-americano, Donald Trump, indicou possibilidade da entrada do Brasil na OTAN. "Eu disse ao presidente Bolsonaro que também pretendo indicar o Brasil como um grande aliado extra-OTAN, ou até mesmo começar a cogitar como um integrante da OTAN. Eu tenho que conversar com muita gente, mas talvez se tornar um integrante da OTAN seria um grande avanço para a segurança e cooperação entre nossos países", declarou Trump.
Em entrevista ao serviço russo da Rádio Sputnik, o especialista russo em assuntos internacionais Vladimir Olenchenko, comentou a declaração do presidente norte-americano.
"Isso levanta questões, porque a OTAN é uma organização do Atlântico Norte, criada para unir os EUA e a Europa, como organização de defesa", explicou o analista, sublinhando que a transformação da OTAN em uma organização global viola o equilíbrio de poder e tem caráter ameaçador.
"Acredito que essas declarações [de Trump sobre a possível entrada do Brasil na OTAN] refletem o desejo dos EUA de manterem liderança e expandi-la. Eu acredito que eles estejam precisando de um arreio. A Venezuela e outros países, Nicarágua e Cuba, mostraram que não querem aceitar a doutrina Monroe, ou seja, uma doutrina de dominância dos EUA na América Latina com [os EUA] decidindo políticas interna e externa por eles", considera Olenchenko, sublinhando que a OTAN poderia ser usada pelos EUA para fortalecer posições na América Latina.
O vice-presidente do Comitê de Defesa da Duma do Estado (câmara baixa do parlamento russo), Yuri Shvytkin, sublinhou que a decisão sobre a entrada do Brasil na OTAN será tomada não apenas pelos EUA e, particularmente, por Trump, mas por todos os países que fazem parte da Aliança.
O presidente brasileiro realizou visita oficial de três dias aos EUA. Jair Bolsonaro já assinou alguns acordos que aprofundam a cooperação entre os dois países. Na reunião com homólogo norte-americano na terça-feira (19), foram discutidos assuntos internacionais, entre eles cooperação comercial bilateral, crise da Venezuela, e fortalecimento das relações entre Washington e Brasília.