Homero Español, professor da Faculdade de Economia da Universidade Central da Venezuela, comenta este tema em entrevista à Sputnik Mundo.
Perguntado sobre a importância de Washington utilizar os recursos energéticos e a biodiversidade da Venezuela, Homero responde que os "EUA são uma potência imperial e, como tal, não respeitam o quadro de coexistência expresso pelas Nações Unidas".
Segundo o acadêmico, os problemas na produção petrolífera americana e o risco de perderem fontes de abastecimento de combustíveis e matérias-primas, que historicamente consideravam seguras, fez com que os EUA se vissem em uma situação desconfortável. Essas circunstâncias não foram facilitadas "pela Revolução Bolivariana, que defende sua soberania, sua autonomia e pede condições de respeito à sua política interna".
"No que diz respeito ao petróleo, a Venezuela pede aos Estados Unidos condições de respeito às organizações e países que protegem suas fontes de energia, além do respeito às situações normais de mercado."
Questionado sobre os relatos de que Washington usa as guerras para revitalizar sua economia, o professor ressalta que "os efeitos das guerras não só produzem a destruição dos derrotados, mas também exigem grandes investimentos em suprimentos e logística para garantir resultados".
"Poderíamos dizer, sem temer equívocos, que o imperialismo dos EUA é, entre outras coisas, um propagador da indústria da guerra como sua arma dinâmica. Porque lhe garante a manutenção do seu domínio político e econômico no mundo."
"Creio que se abriram novas frentes de trabalho que possibilitam diferentes fontes de financiamento e uma reavaliação dos recursos naturais disponíveis. As alianças com os centros das economias emergentes foram fortalecidas para garantir ao país mercados mais seguros e estáveis, bem como fontes adicionais de financiamento", destaca.
De acordo com o professor, a educação em todos os níveis, na busca de uma nova realidade cultural na ciência e na tecnologia, seria o caminho necessário para que a Venezuela e outros países ameaçados garantam a proteção contra as políticas de sanções dos centros imperiais e contra as ameaças de guerra. "As universidades nacionais não foram capazes de superar a colonização produzida pelos centros imperiais e entraram em guerra com o Governo", disse.
"O maior esforço deve ser colocado no desenvolvimento de uma estrutura produtiva interna que aposte no crescimento interno, que alivie a angústia provocada pelo influxo de investimentos estrangeiros e que seja apoiada pelo povo. Nos novos esquemas de organização do poder popular, o sistema comunal deve deixar de ser declarativo e dar um passo na direção das importantes áreas de produção e comércio."
Perante o fracasso inicial da intervenção militar, o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, afirmou que as sanções econômicas e o cerco financeiro serão aumentados. Para Homero, os esquemas americanos de "pressão e manipulação é algo que está patente aos olhos de todo o mundo".
"As ações podem vir através de seus países satélites, que são uma espécie de agências submissas cumprindo ordens e pedidos […] Nesse sentido, o que se pode esperar é uma situação aterradora, como é o caso da série generalizada de operações terroristas e de sabotagem. Tudo isto aliado às suas pretensões de cerco internacional", explica o analista.
"Mesmo assim, eles sabem que isso não é suficiente, porque o chavismo existe e ocupa uma parte significativa da população venezuelana, tem um alto nível de consciência política e está disposto a defender o que alcançou com tanto esforço para dignificar e garantir os direitos de sua população", finaliza.