Análise: inclusão da Guarda Revolucionária do Irã na lista de terroristas sairá caro a EUA

© AP Photo / Vahid SalemiMembros do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica iraniano (foto de arquivo)
Membros do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica iraniano (foto de arquivo) - Sputnik Brasil
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Após a decisão dos EUA de incluir o Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) na lista de organizações estrangeiras terroristas, Teerã decidiu em resposta adotar uma medida similar contra Washington e incluiu o Comando Central dos EUA (CENTCOM), na lista de organizações terroristas.

Hasan Shemshadi, analista militar próximo do IRGC e correspondente de guerra, e Seyed Hadi Afgahi, cientista político e especialista iraniano em Oriente Médio, ex-diplomata do Irã no Líbano, disseram em entrevista à Sputnik Persa como poderá evoluir a situação no Oriente Médio após estes passos dos EUA e Irã.

Segundo Shemshadi, os EUA estão "testando" a reação do Irã que surgirá após as suas declarações. Ao reconhecer o IRGC como organização terrorista, poderão afirmar que combatem o terrorismo ao levarem a cabo operações contra o Corpo de Guardiões no Irã, na Síria ou no golfo Pérsico.

''Isso irá dificultar a posição dos EUA no Oriente Médio. Eles não vão poder circular na região e no golfo Pérsico tal como têm feito até agora e causar danos às forças militares iranianas, se escudando na lei de luta contra uma 'organização terrorista' e ficando assim impunes. Nos últimos 40 anos, o Irã mostrou que não ficará à espera e irá retaliar, talvez, com um golpe mais duro ainda. Este tipo de estupidez irá sair caro ao governo dos EUA e ao povo americano", afirmou Shemshadi.

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Respondendo à questão se esta decisão dos EUA pode ser chamada de tentativa de desviar a atenção dos fracassos na região, Hasan Shemshadi disse que Estados Unidos reconheceram que, apesar de todos os esforços e investimentos, eles fracassaram na região.

"O Irã desempenha um papel importante no Oriente Médio, e é difícil para os EUA aceitar isso. Eles têm muitos problemas na região, contradições internas, e talvez esta questão seja uma das maneiras de resolver os problemas que têm vindo a acumular-se", disse Shemshadi.

Afgahi destaca que o Exército do Irã está presente no Iraque e na Síria, onde ele efetua ataques "intensos e dolorosos" contra os terroristas, sublinhando que "Israel e os EUA têm receio de que Exército sírio tenha chegado até as fronteiras das Colinas de Golã e Palestina. O IRGC que está presente neste território a convite [do governo sírio], destruiu os planos dos EUA de derrubar os regimes na Síria e no Iraque e apoio aos terroristas destes países".

"Os próprios EUA cometem atos terroristas, começando por bombardeamentos das cidades de Hiroshima e Nagasaki, terminando no apoio ao Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países], sem mencionar que foram eles que o criaram. Foram eles que iniciaram a guerra no Vietnã, no Afeganistão, no Iraque, e agora afirmam que o IRGC é terrorista!", acrescenta o cientista político.

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"Quaisquer ações tomadas por parte dos EUA com vista a incitar uma crise contra o Irã vão levar ao aumento da tensão. Se os EUA utilizarem as bases militares no golfo Pérsico para atacar o Irã, aplicaremos medidas recíprocas de imediato", concluiu Afgahi.

O especialista sublinhou que, no caso de uma guerra, todas as partes serão arrastadas para o conflito, incluindo a Frente de Resistência, os países aliados do Irã e os países sob a proteção americana.

As opiniões expressas neste artigo não estão necessariamente de acordo com as da Sputnik

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