Abrams foi nomeado pelo governo do presidente estadunidense Donald Trump para liderar o esforço para derrubar Maduro e substituí-lo pelo autoproclamado "presidente interino", Juan Guaidó.
O protegido americano tentou na terça-feira provocar uma revolta militar no país, filmando-se ao lado de uma base militar em Caracas, com alguns homens uniformizados atrás dele, enquanto discursava, mas não conseguiu.
No rescaldo, Abrams se juntou ao coro das principais autoridades dos EUA dizendo ao público que o governo de Maduro está prestes a cair.
Falando ao canal de TV venezuelano US-VPItv, o enviado especial dos EUA para a Venezuela afirmou que Guaidó estava envolvido em negociações com altos comandantes militares pelas costas de Maduro, que não estava ciente da reunião. Foi o que Abrams assegurou.
O diplomara tentou semear as sementes da dúvida no coração de Maduro, se ele assistisse à entrevista.
"Maduro não pode confiar em seu ambiente, incluindo qualquer um que afirme ser leal a ele. Ele não pode contar com isso. Especialmente os cubanos e os russos", ponderou Abrams.
Estaria o enviado norte-americano dizendo a verdade? O histórico de Abrams não é exatamente um de honestidade sem mácula. Ele foi até condenado em 1991 por mentir ao Congresso sobre o caso Irã-Contras - a operação da CIA na era Reagan para vender armas ao Irã e usar o dinheiro não contabilizado para enviar armas a militantes na Nicarágua -, mas recebeu o perdão do vice-presidente de Reagan, George H. Bush, que se tornou presidente na época.
Outras figuras primárias na equipe "Derrube Maduro" deram declarações bombásticas semelhantes à mídia após o golpe fracassado, explicando que os dias do "regime" estão contados.
O secretário de Estado e ex-chefe da CIA, Mike Pompeo, afirmou que o presidente venezuelano estava prestes a fugir do país na terça-feira, mas foi dito para ficar com os russos - uma história que Abrams contou em sua entrevista também. Moscou chamou de "notícias falsas".
E o conselheiro de segurança nacional John Bolton alegou que Maduro, com medo, estava escondido em um bunker militar com medo de seu próprio povo. Porém, a realidade era outra: Maduro estava fazendo um discurso na frente de uma multidão de milhares de seguidores em Caracas.