Segundo a empresa, os campos à venda tiveram em 2018 uma produção total média de cerca de 2,8 mil barris por dia (bpd) de óleo e 11 mil metros cúbicos/dia de gás.
Em entrevista à Sputnik Brasil, o economista José Mauro de Morais, coordenador de Estudos de Petróleo no IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), essa produção é considerada baixa.
"A Petrobras anunciou que esses campos produzem 2.800 barris/dia. São 27 campos, isso significa que a produção de cada campo é muito pequena. Ou seja, não é econômico para a Petrobras, uma empresa gigante, que está precisando investir muito no pré-sal, se dedicar a manter esse tipo de exploração em campos tão pequenos", explicou.
A venda desses 27 campos causa apreensão nos representantes dos trabalhadores da estatal. Não exatamente por elas em si, mas por elas fazerem parte de um processo em que a Petrobras está direcionando todos os esforços no pré-sal.
O motivo deste entendimento é para que a empresa brasileira tenha uma "carteira de investimentos" mais ampla e não dependa de um único recurso.
"O que nós estamos assistindo é um verdadeiro desmantelamento de uma empresa de petróleo integrada, que o mundo todo sabe que é a forma que uma empresa de petróleo consegue se sustentar é sendo integrada de petróleo. Porque a partir do momento em que um segmento vai mal, o outro vai bem e você consegue ir equilibrando as atividades da sua companhia", disse Rangel.
Apesar de o anúncio ainda estar em fase inicial e nenhum investidor ainda tenha formalmente manifestado interesse, José Mauro de Morais diz acreditar que o maior interesse no negócio seja de petroleiras brasileiras de menor porte.
"Deve haver interesse de empresas petrolíferas de pequeno porte nacionais que não podem fazer grandes investimentos e que, ao mesmo, tempo dispõe de recursos para investir em campos pequenos ou médios", afirmou.
"Elas [empresas menores] podem adotar métodos mais modernos de extração de óleo e de gás. E, inclusive, aumentar a produção desses campos, então haverá com certeza um interesse muito grande de petrolíferas nacionais, de pequenos e de médio porte que poderão se dedicar a esses campos menores", comentou.
José Mauro de Morais apoia, ao contrário dos sindicalistas, a ideia de concentrar os investimentos no pré-sal.
"A Petrobras precisa se dedicar ao pré-sal porque tem diversos campos que ainda precisam ser explorados. Eles são muito caros, os equipamentos são muito caros, a Petrobras precisa investir neles para fomentar a produção desses campos no pré-sal", completou.