O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, afirmou que o educador Paulo Freire foi "um grande pedagogo, teórico e prático da educação e, em particular, dos processos da alfabetização e da educação de adultos. Nós seguimos como inspiração na maneira também que construímos em Portugal nosso sistema de educação de adultos. O mesmo que se sucedeu em Portugal sucedeu em muitos outros países em que Paulo Freire significa um inspirador e uma fonte permanente de boas ideias e boas práticas".
As declarações de Augusto Santos Silva, nesta segunda-feira (27), em Lisboa, foram durante a apresentação do Programa de Mobilidade Acadêmica Paulo Freire — PALOP, da Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), que confere bolsas para estudantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) cursarem um semestre em alguma instituição de ensino superior em Portugal.
Este ano marca o início do projeto-piloto, em parceria com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), para beneficiar universitários dos PALOP. São 21 bolsas para estudantes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe. "O programa já é bastante significativo e a ideia é expandir", afirma à Sputnik Brasil o secretário-executivo da CPLP, Francisco Ribeiro Telles.
De acordo com os organizadores, a meta é que o programa "Paulo Freire" continue se fortalecendo. "É um programa ágil, simples, que está a responder às expectativas dos alunos. Eles vão regressar com as formações reconhecidas pelas escolas de origem. As universidades portuguesas já nos manifestaram interesse de seus alunos também irem para estes países na África", diz Ana Paula Laborinho.
Para a diretora da OEI Portugal, o período de críticas aos métodos de Paulo Freire no Brasil, endossadas pelo presidente Jair Bolsonaro, não deve "apagar a história, nem apagar as contribuições". "Ainda hoje é um grande pedagogo, que centra o conhecimento no aluno. Talvez hoje, quando falamos em desenvolver competências para o século XXI, há muitos dos ensinamentos dele que são cada vez mais atuais", analisa a diretora.