O Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC) abateu um drone RQ-4 Global Hawk, que sobrevoava a região costeira do país e teria violado o espaço aéreo iraniano.
Há mais de 10 anos, a empresa de tecnologia aeroespacial e militar Northrop Grumman apresentou ao Departamento de Defesa dos EUA uma análise de um hipotético conflito com o Irã, na qual os seus drones de vigilância RQ-4 Global Hawk poderiam desempenhar um papel crucial.
"A dissuasão e, se necessário, o combate em um conflito tradicional continuarão a ser uma alta prioridade para o Comandante. Um hipotético conflito com o Irã no período de 2015 a 2020 fornecerá uma estrutura para discussão", aponta um relatório de 2008 produzido pelo centro analítico da Northtrop Grumman.
A Northrop Grumman concluiu que sete ou oito drones Global Hawk seriam fundamentais para realizar missões de vigilância no caso de um eventual conflito com os iranianos, recomendando o destacamento de pelo menos mais 16 drones para a região.
O relatório da empresa também lista outros potenciais usos para os Global Hawks, incluindo operações navais e segurança de fronteiras, além de aconselhar o Pentágono a comprar 157 destes aparelhos de alta tecnologia.
Um drone militar deste modelo foi abatido pelas forças iranianas no dia 20 de junho, depois de violar o espaço aéreo do país, em uma "mensagem clara" aos EUA de que Teerã "reagiria fortemente" a qualquer agressão, segundo o comandante da unidade de elite.
Depois disso, ambos os países divulgaram mapas contraditórios da rota de voo percorrida pelo drone abatido. Recentemente, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, divulgou um novo mapa detalhado, indicando a "localização e o ponto de impacto do drone norte-americano".
O presidente dos EUA, Donald Trump, chamou a derrubada do drone de um "erro muito grande" e mais tarde revelou ter cancelado o ataque de retaliação contra três locais no Irã 10 minutos antes de seu início.
Trump explicou que a decisão de cancelar o ataque foi motivada pelo fato de que o número de mortes seria desproporcional à perda de um veículo aéreo não tripulado.
O incidente envolvendo o drone norte-americano é apenas parte de uma elevada tensão entre os dois países, após Washington ter enviado uma esquadrilha de caças e bombardeiros para a região como uma "mensagem clara e inequívoca" a Teerã de que qualquer ataque aos interesses norte-americanos ou de seus aliados seria recebido com uma "força implacável".
Além disso, os EUA têm acusado os iranianos de atacarem e sabotarem petroleiros no golfo de Omã. Por sua vez, o Irã considera as acusações "infundadas" e nega categoricamente qualquer ligação com os acontecimentos.