No final do mês passado, os blocos sul-americano e europeu acertaram os termos de uma parceria de livre comércio há anos esperada. No entanto, para entrar em vigor, o documento dependerá que os parlamentos dos países envolvidos ratifiquem o mesmo, questão que pode ser atrapalhada por alguns empecilhos, com destaque para exigências ambientais que têm sido foco de desentendimentos entre as duas partes.
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) 3 de julho de 2019
Para a economista Juliana Inhasz, coordenadora dos cursos de graduação do Insper, embora o interesse sul-americano em um acordo com os EUA já fosse conhecido, surpreende o fato de o assunto ter voltado à pauta neste momento e desta forma, antes da consolidação dos entendimentos com a UE. Segundo ela, é possível que esse acordo acaba sendo firmado muito antes do que todos imaginavam.
Em entrevista à Sputnik Brasil, a especialista explicou que, sem dúvidas, Washington espera, com essa aproximação, ter acesso a insumos brasileiros e argentinos a custos mais baixos, devido à ausência de tarifas. A pergunta que não quer calar, ela afirma, é "até que ponto a economia americana também está disposta a ceder dentro desse acordo".
"Porque ela também vai ter de abrir mão de um tanto de receita, para que a gente consiga também ter algum tipo de vantagem", disse ela. "A nossa dúvida hoje é até que ponto o presidente Donald Trump está confortável em abrir mão de receitas ou possibilitar a entrada de produtos brasileiros e argentinos na economia americana com custo mais baixo e, em contrapartida, colocar os produtos deles em outros mercados", acrescentou, destacando que o maior risco, para o Brasil, é que tal acordo seja muito mais vantajoso para os Estados Unidos.
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) 4 de julho de 2019
Ao comparar os dois acordos costurados atualmente pelos sul-americanos, Inhasz afirma que ambos podem ser bastante interessantes para o Mercosul. No entanto, ela considera preocupante o fato de Argentina e Brasil começarem a discutir uma eventual nova parceria, com os EUA, antes mesmo de terminar as negociações com a Europa.
"Acho que, no momento atual, seria interessante que realmente a gente concentrasse um pouco mais de esforços para fazer com que esse acordo Mercosul-União Europeia realmente entrasse em vigor, para que, a partir de então, nós utilizássemos esses ensinamentos. Porque, certamente, esse acordo vai trazer muitos ensinamentos para muitos países, para muitas economias."