O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta segunda-feira (5) que não vai negar recursos aos Estados do Nordeste, desde que os governadores divulguem que são parceiros do governo.
Bolsonaro também chegou a afirmar que “boa parte” dos governadores do Nordeste é socialista, que não comungam dos mesmos interesses do seu governo.
Na mês passado, em uma conversa informal com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzon, o presidente se referiu os governadores do Nordeste como "paraíbas", causando indignação nas redes sociais por parte dos nordestinos e governadores da região.
"Daqueles GOVERNADORES... o pior é o do Maranhão". Foi o que falei reservadamente para um ministro. NENHUMA crítica ao povo nordestino, meus irmãos. Mas o melhor de tudo foi ver um único general, Luiz Rocha Paiva, se aliar ao PCdoB de Flávio Dino, p/ me chamar de antipatriótico.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 21, 2019
Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político e professor da Universidade Federal de Ouro Preto, Antonio Marcelo Jackson, afirmou que as polêmicas declarações de Bolsonaro não devem afetar muito a votação da reforma da Previdência.
"Eu acho que a agitação permanece. Ainda que alguns meios de comunicação coloquem que as declarações de Jair Bolsonaro, particularmente as ofensas aos nordestinos há poucos dias atrás, poderiam prejudicar. Honestamente eu acho que não é por aí. Acho que as confusões e disputas na votação da Previdência no Senado continuarão ocorrendo nos mesmos moldes que ocorreram no 'primeiro tempo', digamos assim", afirmou o especialista.
De acordo com ele, o presidente Jair Bolsonaro "abriu o cofre e pretendeu mundos e fundos, comprometendo todo o orçamento da União com as emendas parlamentares, um valor absurdamente alto".
"Nesse caso, ele abre o cofre, permite que todos os parlamentares que desejassem votar a favor da reforma da Previdência, suas emendas já estariam previamente aprovadas, então a situação é essa", acrescentou.
O cientista político destacou que os deputados nordestinos que votaram a favor da reforma da Previdência continuarão votando. "E continuarão sendo ofendidos, eles não se preocupam com isso. Eles não se sentem constrangidos com isso", afirmou Antonio Marcelo Jackson.
O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que acredita na aprovação do segundo turno da reforma da Previdência na Câmara no dia 6 de agosto.