A partir das 23:59 da noite do domingo (11) entra em ação um conjunto de medidas para tentar evitar prejuízos e garantir o funcionamento de diversos setores fundamentais para a dinâmica do país.
“É inequívoco que se houver greve vão haver perturbações no conjunto das atividades econômicas. Agora, a partir do momento em que é estabelecida uma rede de postos de abastecimento estratégica, nós temos absolutamente asseguradas as condições vitais para a segurança, saúde, transporte de passageiros, para o fornecimento d’água, para a recolha do lixo. Portanto quem chegar a Portugal na próxima segunda-feira vai encontrar as cidades normais do ponto de vista do seu funcionamento”, garantiu o ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, em resposta à Sputnik Brasil durante a coletiva de imprensa na qual foram anunciadas as medidas.
Foi estabelecida a Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), formada por 374 postos: 54 vão ser exclusivos para viaturas da área da segurança e serviço público. Nos outros 320, para o público em geral, a venda vai ser limitada em até 15 litros de gasolina ou diesel por veículo. Nos postos que não integram a REPA, veículos de passeio vão poder abastecer até 25 litros e viaturas pesadas até 100 litros.
O governo conta com o bom senso dos motoristas, mas vai haver fiscalização.
“No que diz respeito à REPA, nos postos exclusivos vai haver observação de perto e presença assídua de forças policiais para garantir que apenas os veículos prioritários abastecem. Também vai haver fiscalização nos demais”, afirmou o ministro Matos Fernandes.
O governo de Portugal estabeleceu que os grevistas devem manter 100% de atendimento para os postos da REPA, assim como para o fornecimento de combustíveis para unidades militares, serviços de proteção civil, segurança, socorro e aeroportos. Também foram estipulados serviços mínimos de 75% para postos que abastecem viaturas de transportes públicos e de 50% aos demais postos de combustíveis do país.
Os dois sindicatos que lideram o movimento recorreram à justiça para tentar impugnar as determinações de serviços mínimos a serem prestados, alegando que ferem o direito de greve, mas o Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa manteve a decisão.
De acordo com o ministro Matos Fernandes, 521 agentes de vários órgãos de segurança vem sendo treinados nos últimos dias para “carregar, descarregar e conduzir” os caminhões e garantir os serviços se os grevistas descumprirem as determinações.
Corrida aos postos
Na última segunda-feira, 5, o governo fez mais uma tentativa de mediar um acordo entre os dois sindicatos que mobilizam a paralisação e o sindicato que representa as empresas, mas não houve sucesso. Desde então, os postos já demonstram uma maior procura de quem quer evitar a falta de combustível.
“Na quarta passada meu marido ouviu sobre a greve e já fez o abastecimento completo. Ele foi primeiro a um posto que tem o combustível mais barato, mas tinha uma fila muito grande. Então ele foi a um posto mais distante, que ele já sabia que teria, por que o combustível é mais caro, então fez lá. E ele viu inclusive que o preço já estava 12 cêntimos mais caro do que o habitual”, conta à Sputnik Brasil a bióloga Josane Costa.
Esta é a segunda greve de caminhoneiros este ano em Portugal. Em abril, foram apenas três dias de paralisação dos transportadores de combustíveis, o suficiente para gerar transtornos. Agora, o governo se diz mais preparado para lidar com a falta de entendimento entre os sindicatos. Os motoristas reivindicam aumentos salariais, fim do exercício de funções extras, como carga e descarga, e readequação de horas para trabalho e descanso. O sindicato das empresas rebate as declarações dos caminhoneiros e classifica a convocatória para a greve como um ato de "chantagem e deslealdade" que rompe com negociações que vinham sendo feitas desde maio, após a primeira greve.
Neste sábado (10), os caminhoneiros vão se reunir em assembleia para decidir se avançam ou não com a greve a partir de segunda.