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Esquerda ou direita: especialista diz que escolha de novo PGR deixa interrogação

© Foto / Pedro Ladeira / FolhapressSubprocurador Augusto Aras, escolhido pelo presidente Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República
Subprocurador Augusto Aras, escolhido pelo presidente Bolsonaro para chefiar a Procuradoria-Geral da República - Sputnik Brasil
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Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro anunciou o nome do novo procurador-geral da República, dividindo opiniões entre seus próprios eleitores. Afinal, quem é realmente Augusto Aras?

Baiano, 60 anos, membro do Ministério Público Federal desde 1987 e professor da Universidade de Brasília (UnB), o subprocurador Aras foi anunciado hoje como o escolhido para substituir Raquel Dodge à frente da PGR a partir do próximo dia 17. A notícia se dá em meio a tensões no órgão e após o presidente afirmar que o cargo seria preenchido por alguém alinhado aos interesses do governo. 

​Acabando com uma grande expectativa, o novo PGR foi apontado pelo presidente de maneira direta, pondo fim a uma tradição que já durava 16 anos, de indicar algum nome da chamada lista tríplice, formada a partir de uma eleição interna da associação nacional de procuradores. 

​Tudo isso para garantir que o escolhido seria de fato alguém com pensamento e opiniões parecidas com a de outros representantes da atual administração. Entretanto, é justamente essa questão que está provocando mais polêmica entre os eleitores de Bolsonaro, que vêm se mostrando confusos com a escolha do chefe de Estado. 

​Em entrevista à Sputnik Brasil, o advogado Eugênio Aragão, ex-subprocurador-geral, ex-ministro da Justiça e professor da UnB, disse acreditar que a indicação do novo PGR brasileiro deixa, de fato, um ponto de interrogação, uma vez que as posições defendidas atualmente por Aras estão bem distantes das que ele costumava defender há não muito tempo.

"Quando nós estávamos no governo, ele andava com o então governador, depois ministro, Jaques Wagner para cima e para baixo, fazendo questão de dizer para todos nós que a posição dele era de esquerda, que o pai dele tinha sido militante preso na época da ditadura militar, que ele era uma pessoa realmente de convicções de esquerda", disse Aragão, citando algumas aspirações antigas, de carreira, que Aras, quem ele diz conhecer bem, teria buscado ainda no governo do PT. 

"E, agora, ele se revela, vindo nos braços do ex-deputado [Alberto] Fraga (DEM), como um bolsonarista de raiz. Então, isso aí deixa um ponto de interrogação na cabeça".

Para o especialista, o fato de ter sido escolhido um nome de fora da chamada lista tríplice deve ser visto como uma mudança positiva, pois quebra um paradigma que, de certa forma, retirava do presidente da República a prerrogativa de escolha. Fora isso, ele acredita que, do ponto de vista técnico, o presidente também acertou em sua decisão.

"Do ponto de vista técnico, não tenho dúvida nenhuma de que Augusto Aras está preparado. Ele é professor da Universidade de Brasília, é uma pessoa bastante conhecida na área do direito eleitoral, ele é uma pessoa com um cabedal teórico bom para ocupar esse cargo." 

Resumindo, Aragão afirma que, embora a aparente contradição política de Aras possa causar certa "perplexidade", é preciso reconhecer que ele foi escolhido de maneira legítima e cabe a todos aguardar para ver sua atuação.

"Vamos ver o que vai dar", conclui o advogado.

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