Em uma visita à Paris nesta semana, o recém-nomeado secretário de Defesa dos EUA, Mark Esper, afirmou que seria "ótimo" se o Ocidente "pudesse fazer a Rússia se comportar como um país mais normal". Essa observação não foi bem recebida em Moscou, no entanto.
"Se ele disse isso, ele nos chamou para agir como um país normal [como tal] e não como os Estados Unidos", disse o ministro de Relações Exteriores Sergei Lavrov em uma coletiva de imprensa na capital russa, onde ele e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, tinham um encontro presencial com colegas franceses.
"Caso contrário, deveríamos estar agindo como os EUA, bombardeando o Iraque e a Líbia em flagrante violação do direito internacional [...] Deveríamos ter apoiado golpes violentos e anticonstitucionais, como os EUA e seus aliados mais próximos fizeram em fevereiro de 2014 [na Ucrânia]", acrescentou.
Além disso, se a Rússia fosse seguir as instruções de Washington, "teríamos gastado milhões em intervir nos assuntos de outros países, como o Congresso autorizou US$ 20 milhões para apoiar a democracia na Rússia", afirmou Lavrov.
De sua parte, Shoigu também disse que a normalidade tem um significado diferente para Moscou na época.
"Provavelmente permaneceremos [um] país [anormal] ", declarou.
Enquanto isso, as autoridades francesas visitantes defendiam o acordo com a Rússia.
"Chegou a hora, é a hora certa, de trabalhar para reduzir a desconfiança", destacou o ministro das Relações Exteriores Jean-Yves Le Drian. A ministra da Defesa Florence Parly acrescentou que "é importante conversar um com o outro, para evitar mal-entendidos e atritos".
A reunião ocorre semanas depois que o presidente russo Vladimir Putin se encontrou com seu colega francês Emmanuel Macron no final de agosto em Bregancon, numa tentativa de aliviar a tensão e quebrar o gelo nas relações Rússia-Ocidente.
Na ocasião, Macron prometeu criar uma "nova arquitetura de segurança e confiança" entre a União Europeia (UE) e a Rússia. Ele ressaltou que a contribuição de Moscou é "essencial" para ajudar a resolver as crises no Irã, na Ucrânia e na Síria e nos arredores, além de trabalhar na não proliferação nuclear.