Há um discurso para "estigmatizar e desacreditar a imprensa", declarou Lanza em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
Ele acrescentou que "é uma narrativa contra a imprensa, exortando as pessoas a não acreditarem na mídia, dizendo que a imprensa é militante. É muito semelhante ao que outros presidentes fizeram que levaram ao autoritarismo como Rafael Correa no Equador [presidente entre 2007 e 2017] ou Nicolás Maduro na Venezuela".
O representante da CIDH destacou que, além do discurso, Bolsonaro já tomou medidas para prejudicar a imprensa livre, atacando sua sustentabilidade financeira, cortando a publicidade oficial na publicação obrigatória de ligações e informações oficiais.
Lanza também criticou a tentativa do prefeito do Rio de Janeiro, pastor evangélico Marcelo Crivella, de censurar uma história em quadrinhos que exibia dois homens se beijando.
"É muito perigoso, não se trata de discutir se um conteúdo é relevante, é uma ordem direta de censura", ponderou.
Ele lembrou ainda que a censura é proibida pela CIDH e em todos os pactos globais assinados pelo Brasil.
Lanza esteve no Brasil para se reunir com membros da sociedade civil e, embora tenha tentado se comunicar com membros do governo Bolsonaro, ele diz que foi ignorado.