"Até aqui nenhum instituição da República deu resposta para as divulgações cada vez mais graves reveladas pelo The Intercept e parceiros, nem de investigação nem de suspensão" de procuradores da força-tarefa, criticou a deputada do PCdoB sobre as matérias que vem apontando supostas irregularidades cometidas por procuradores e pelo então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça.
O objetivo da CPI é aprofundar as investigações sobre a as articulações entre membros da força-tarefa e Moro, que segundo a deputada "não sofreu qualquer abalo em sua presença no governo e não respondeu nada" nas duas vezes em que foi ao Congresso prestar esclarecimentos sobre as denúncias.
"A Comissão Parlamentar de Inquérito é o instrumento que nós temos de prosseguir e aprofundar as investigações, podendo convocar, por exemplo, o Dallagnon [Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato]". O procurador se recusou a ir ao Congresso para discutir as mensagens reveladas pelo The Intercept e parceiros.
Pedido foi entregue à Mesa da Câmara
"A CPI é a maneira que temos de ouvi-lo. Ela não culpa ou condena ninguém, que apurar um fato determinado, que são as mensagem que demonstram irregularidades gravíssimas na justiça brasileira. A única oportunidade que temos de desdobrar as investigações, com amplo direito de defesa e contraditório, é a CPI", afirmou a deputada.
Segundo Jandira, nem o Ministério Público nem o Supremo Tribunal Federal deram as respostas que a sociedade pede sobre o fato, por isso o parlamento deve agir. "Não podemos ficar de braços cruzados diante de denúncias de tamanha irregularidade", disse ela.
O requerimento de pedido de abertura da CPI, com 175 assinaturas validadas, foi entregue à Mesa da Câmara na quinta-feira (12). De acordo com o documento, as conversas reveladas pelo The Intecerpt, caso confirmadas, "levantam suspeitas de que o atual Ministro da Justiça e os Membros do Ministério Público agiram com parcialidade, objetivo pré-estabelecido e motivação política na investigação de processos em Curitiba", o que configura "violência contra o Estado Democrático de Direito e os princípios constitucionais". A CPI teria até 180 dias para realizar seus trabalhos.
De acordo com Jandira, todas as condições necessárias, como número de assinaturas e fato de investigação determinado, para a abertura da Comissão foram cumpridas, restando apenas a decisão da presidência da Casa de instalá-la. No momento, há apenas duas CPIs em andamento na Câmara, sobre a queda da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais, e do BNDES.