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Trabalho e emprego nos BRICS: Brasil tem experiência para compartilhar?

© Folhapress / Danilo VerpaDesempregados enfrentam fila em busca de uma oportunidade de trabalho na 4° edição do Mutirão de Emprego, na sede do Sindicato dos Comerciários, centro de São Paulo, em 17 de setembro de 2019
Desempregados enfrentam fila em busca de uma oportunidade de trabalho na 4° edição do Mutirão de Emprego, na sede do Sindicato dos Comerciários, centro de São Paulo, em 17 de setembro de 2019 - Sputnik Brasil
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Brasília está sediando, até esta sexta-feira, uma reunião com representantes dos BRICS sobre o presente e o futuro do emprego e trabalho, em meio a desafios no combate a altas taxas de desemprego que ainda preocupam o Brasil.

O encontro se insere entre os eventos que estão servindo como prévia para a XI Cúpula do bloco — formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, marcada para novembro, e se divide em duas partes: na primeira, são realizadas discussões envolvendo técnicos e especialistas e, na segunda, ministros e vice-ministros dos países-membros se reúnem para uma declaração conjunta.

Segundo a Secretaria de Trabalho do Ministério da Economia, os temas da reunião se dividem em governança de dados do mercado de trabalho, futuro do trabalho inclusivo, liberalização do mercado e o impacto nos mercados de trabalho do BRICS e promoção de melhores condições de trabalho para um sistema de seguridade social sustentável. 

À frente da presidência pro tempore do bloco, o Brasil participa dessa reunião com a experiência de um país que, quase dois anos após a entrada em vigor de uma polêmica reforma trabalhista, ainda luta para criar vagas de emprego para cerca de 12,6 milhões de desempregados, ao mesmo tempo em que crescem os índices de trabalho informal. 

​Presente nesse encontro em Brasília, Antônio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), é crítico as efeitos alcançados pela reforma feita no país em 2017, a qual, segundo ele, não alcançou os objetivos anunciados pelos seus defensores.

Em entrevista à Sputnik Brasil, o representante da CUT afirma que, entre outras coisas, a reforma trabalhista não criou mais postos de trabalho e nem melhorou a qualidade das negociações coletivas. Em vez disso, ele considera que a reforma "trouxe desemprego e precarização do trabalho".

"Hoje, você tem um desemprego mais alto ainda do que no período da aprovação e, ao mesmo tempo, o processo de negociação coletiva no país se deteriorou, seja pelos ataques aos sindicatos, seja pelos ataques que vêm no próprio processo de negociação coletiva", diz o especialista. 

​Lisboa destaca que o atual presidente da República, Jair Bolsonaro, foi muito claro sobre o que pensa ao defender, antes e depois de eleito, que os brasileiros deveriam escolher entre ter emprego e ter direitos, alegando que os empresários não teriam condições de oferecer as duas coisas. Para ele, a ideia de empregos sem direito nada mais é do que trabalho escravo, um "absurdo".

"O segundo absurdo que ele levanta é que é preciso aprofundar a reforma trabalhista no Brasil. Ora, se é preciso aprofundar a reforma trabalhista no Brasil, isso significa aprofundar a precarização do trabalho no Brasil e, ainda, gerar mais desemprego, mais trabalho precário."

Levando em conta os altos índices de desempregados e também de desalentados, que são aqueles trabalhadores que já desistiram de procurar emprego, Antônio Lisboa diz que a expectativa para o mercado de trabalho no país é a pior possível, dado o baixo ritmo de crescimento da economia e a ausência de investimentos públicos.

"Na medida em que o governo abre mão de fazer investimento público e ainda com essa insegurança jurídica que o próprio governo gera, por conta da sua falta de rumo, ninguém vai fazer investimento no país, do ponto de vista de investimentos externos. Então, se não tem investimento externo e não tem investimento público, não há como gerar emprego." 

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