Fim da Unasul: como as potências se beneficiam de uma América Latina dividida?

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Em entrevista à Sputnik Mundo, o ex-chanceler do Equador, Guillaume Long, comentou como a saída dos países da Unasul prejudica a América Latina e favorece o grande capital.

No dia 17 de setembro, a Assembleia Nacional do Equador aprovou a denúncia do tratado constitutivo da Unasul, dando um passo para a saída definitiva do país da organização. Comentando tal decisão, o ex-ministro das Relações Exteriores do Equador, Guillaume Long, concedeu entrevista à Sputnik Mundo.

A Comissão de Relações Internacionais do órgão concluiu que a saída do Equador da Unasul foi conveniente. Segundo a conclusão, esta organização nasceu com uma "grande debilidade", não era um projeto de Estado, mas sim do "socialismo do século XXI".

Ao mesmo tempo, o parlamento equatoriano disse que a Unasul não fez jus ao seu propósito de incentivar o comércio, a cooperação e a integração na América do Sul.

A decisão da Assembleia Nacional do Equador deverá ser enviada ao presidente Lenín Moreno, o qual deverá anunciar a saída oficial do país.

Melhor Unasul do que Equador

Criticando a decisão da liderança de seu país, Long ressaltou o lado negro do enfraquecimento da Unasul.

"Divididos não impomos condições a ninguém, pelo contrário impõem-nos condições a nós", disse Long.

O fim do projeto da Unasul diminui a capacidade dos países sul-americanos no diálogo com nações de outras regiões. Para Long, uma América do Sul unida teria muito mais força negocial diante de pressões externas do que o diálogo bilateral de cada país.

"Não é o mesmo interagir com as grandes potências sendo Equador e sendo América do Sul. O poder de negociação é muito maior quando se interage como Unasul do que em uma base bilateral, da qual nossa região tem padecido historicamente", analisou o ex-ministro.

Fundo ideológico

Para Long, a Unasul não é um conceito meramente de esquerda. Em diversos países da organização houve lideranças de diferentes siglas partidárias.

© Roberto Stuckert Filho/ PRLíderes da Unasul
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Líderes da Unasul

"Não era um projeto ideológico. [...] Certamente é um projeto de integração que envolvia todos os países de uma região geográfica e governos de orientações políticas distintas, sem que haja nenhum objetivo de ter um projeto político hegemônico", afirmou Long.

Long ressaltou também que a organização buscava aumentar a integração em todas as áreas, desde a econômica, política, social, sanitária, tecnológica, científica e educacional.

Dividir para dominar

A Unasul como projeto só atrapalharia os planos de potências como os Estados Unidos. Segundo Long, o fim da organização traz consigo uma América dividida, o que facilita os interesses do capital.

"A saída da Unasul beneficia o grande capital e os EUA, prejudicando os países sul-americanos", acrescentou o equatoriano.

Na continuação, o ex-ministro alertou que o fim da Unasul fará aumentar a competição entre os países vizinhos, o que os enfraquece e torna mais maleáveis aos imperativos do grande capital.

"Quando você divide as partes das tuas relações, você as faz mais vulneráveis diante da divisão que você gera. [...] Para que se abram mais, desvalorizem sua mão de obra, e tenham melhores condições tributárias", concluiu Long.

História

A Unasul foi criada em 2007 pelos doze países sul-americanos. Seu tratado constitutivo se deu em 2008 e entrou em vigor em 2011. No entanto, a Unasul se encontra desarticulada no momento.

Em 2018, a Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Paraguai e Peru suspenderam sua participação.

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