Turbulência no mercado financeiro dos EUA pode desencadear nova crise global?

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A Reserva Federal dos EUA injetou US$ 128 bilhões (R$ 530 bilhões) no sistema financeiro do país devido a uma inesperada crise de liquidez: os pedidos de empréstimos à Reserva Federal aumentaram acentuadamente.

Na opinião da colunista da Sputnik Natalia Dembinskaya, as autoridades americanas estão pensando em como corrigir essa situação, enquanto os credores estão se livrando dos títulos de dívida do governo dos EUA.

Limite de empréstimos

No dia 16 de setembro, os pedidos dos bancos para empréstimos de curto prazo da Reserva Federal americana dobraram de repente, atingindo os US$ 53,2 bilhões (R$ 220 bilhões). Isto levou a um aumento das taxas de juro ativas de 2,29% para 4,75%. Nas 24 horas seguintes, os bancos solicitaram US$ 80,05 bilhões (R$ 332 bilhões), elevando a taxa para 10%.

No entanto, como o limite de empréstimos de curto prazo da Reserva Federal (Fed) está limitado a US$ 75 bilhões (R$ 311 bilhões), houve pedidos de cinco bilhões que não foram atendidos, explica a jornalista.

Para salvar o mercado financeiro da paralisia final, a Fed anunciou a compra de US$ 53 bilhões (R$ 219 bilhões) de títulos dos bancos (títulos do governo dos EUA, títulos de agências federais e passivos hipotecários).

Se as taxas de juro não voltarem ao normal mesmo depois disso, o banco central norte-americano terá uma única opção - o lançamento de um programa de grande escala como o implementado no contexto da crise global de 2008.

"É bem possível que tenhamos que retomar o crescimento orgânico do balanço mais cedo do que pensávamos", declarou o presidente da Reserva Federal, Jerome Powell.

Crise financeira súbita

Para Dembinskaya, o mais preocupante de tudo é que nem a Fed e nem os analistas independentes conseguem entender as causas da súbita crise.

"Se há um déficit de liquidez estável, significa que a Reserva Federal perdeu o controle do mercado", afirma o Bank of America, ou seja, o colapso financeiro não está longe.

Os especialistas lembram que o mercado de liquidez de curto prazo desempenhou um papel fundamental na recente crise financeira. Os investidores duvidavam da fiabilidade dos títulos que lhes eram oferecidos a crédito. Tudo começou com o colapso do sistema de empréstimos a curto prazo. Vendo as perdas crescentes destes títulos, os investidores perderam a confiança nos grandes bancos.

Déficit orçamental

Os participantes do mercado têm várias versões do motivo pelo qual o dinheiro para financiamento a curto prazo se esgota repentinamente. Em particular, diz-se que o déficit surgiu depois que as empresas pagaram impostos trimestrais e o Tesouro vendeu bilhões de dólares em novos títulos, segundo a colunista.

O défice orçamental é coberto principalmente pela implementação de obrigações do Estado. Mas há cada vez menos pessoas dispostas a emprestar dinheiro à economia americana.

De acordo com dados oficiais, a dívida do governo dos EUA é de cerca de US$ 22,5 trilhões (R$ 93 trilhões), correspondente a 106% do PIB.

Inadimplência e endividamento

Os financistas da empresa de investimentos americana AllianceBerstein estimaram que a dívida pública real dos EUA atinge 1.832% da economia total.

Essas estimativas sombrias minam ainda mais a confiança dos investidores e indicam claramente que é possível uma inadimplência dos títulos do governo dos EUA e o subsequente colapso dos mercados financeiros globais.

© Sputnik / Aleksei Suhorukov / Acessar o banco de imagensNota de 1 dólar norte-americano
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Por causa da pressão das sanções dos EUA, a Rússia vem gradualmente vendendo títulos americanos desde 2014. Em meados de 2018, após outra onda de sanções, o Banco Central russo realizou uma venda em grande escala, reduzindo sua carteira de títulos do tesouros pela metade – de US$ 96,05 bilhões para  US$ 48,724 bilhões (R$ 202 bilhões).

De acordo com os últimos dados do Departamento do Tesouro dos EUA, os investimentos de Moscou nestes títulos caíram mais de 11 vezes desde o primeiro trimestre do ano passado. Em julho de 2019, constituíam o pequeno montante de US$ 8,5 bilhões (R$ 35 bilhões).

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