Neste ano, a Coreia do Norte provou que, apesar das sanções internacionais e dificuldades econômicas, o país é capaz de desenvolver mísseis avançados.
Em julho e agosto, Pyongyang lançou mísseis que mudaram de trajetória durante o voo, levantando forte suspeita de que estes poderiam penetrar nas defesas antimísseis do Japão.
Tentando superar a ameaça dos mísseis norte-coreanos, o Japão pretende modernizar suas capacidades defensivas. No entanto, isso teria custos elevados demais, conforme disseram quatro fontes do governo japonês à agência Reuters.
Testes
Durante a aquisição de qualquer armamento, todo o país o submete a testes. Atualmente, o Japão pretende obter o sistema de defesa Aegis Ashore contra mísseis balísticos, de origem norte-americana.
Os testes do sistema antimíssil poderiam implicar um gasto adicional de até U$ 500 milhões (cerca de R$ 2,07 bilhões), enquanto a própria aquisição do Aegis Ashore ficará em torno de US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 4,98 bilhões).
Os testes são necessários para mostrar que o sistema está funcionando corretamente, de acordo com o fabricante, a Lockheed Martin.
Realizados no Havaí e não no Japão, eles custariam cerca de US$ 100 milhões por lançamento.
Além disso, de acordo com uma das fontes, Tóquio não sabe que testes seriam necessários.
"O Japão está esperando ouvir da Agência de Defesa contra Mísseis dos EUA quais testes serão necessários", afirmou a fonte à Reuters.
Radar
Além dos mísseis interceptores, o país asiático terá que adquirir novos radares para detectar os mísseis norte-coreanos, o que elevará ainda mais os gastos do país com sua defesa.
Segundo Mona Neuhass, porta-voz do fabricante de radares selecionado pelo Japão, a Lockheed Martin,"independentemente do radar selecionado, será necessário um teste de fogo real para verificar o circuito de controle de fogo".
De acordo com Hiranao Honda, político japonês da oposição, estes gastos não se justificam, enquanto o projeto Aegis Ashore deveria ser abandonado.
"Existem diversos gastos que ainda não foram calculados, assim como a construção [de bases] e o preço dos próprios mísseis. O governo ainda não deu uma explicação adequada dos gastos", declarou Honda.
Além disso, o político japonês ressaltou que o país já possui oito navios equipados com sistemas Aegis capazes de abater mísseis de cruzeiro. No entanto, estes sistemas navais teriam menor capacidade antimíssil que o novo sistema Aegis Ashore.