— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) October 10, 2019
Na última segunda-feira, o diretor da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico na América Latina, o mexicano Roberto Martínez-Yllescas, afirmou que o Brasil já é um parceiro-chave e já está perto da OCDE, onde participa de comitês de trabalho mesmo sem ser membro.
A entrada nesse seleto grupo econômico, composto em sua maioria por países desenvolvidos, tem sido uma meta de grande importância para a administração do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a fazer generosas concessões aos Estados Unidos em troca do apoio de Washington para esse fim. Mas por que isso é tão importante para o governo brasileiro?
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) October 11, 2019
De acordo com o economista Rafael Cagnin, membro do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a insistência de Bolsonaro e sua equipe com a OCDE parece ser muito mais uma questão de estratégia política do que outra coisa, uma vez que o Brasil já participa de diversas mesas, já incorporou certos direcionamentos da organização e "não está completamente fora de um padrão OCDE de política, de programas, de linhas".
Em entrevista à Sputnik Brasil, o especialista descreve essa postura como um indicativo político de mudança, de estratégia diplomática, de inserção internacional pelo lado do governo, o que, nesse sentido, seria um ponto bastante importante. No entanto, para ele, não é só o governo brasileiro quem ganha com isso.
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"Para o lado da OCDE, também não é tão ruim assim. Não é porque, afinal de contas, grandes economias, grandes mercados, hoje, estão fora da OCDE, principalmente os grandes países emergentes. Então, a entrada do Brasil também é um aspecto que fortalece a própria OCDE", afirma Cagnin.
Além de Brasília e da própria organização, o economista argumenta que há também um grande interesse do setor privado em ver essa parceria dar certo, pois isso representaria uma garantia institucional de que o país "continuará seguindo uma determinada receita de políticas e de diretrizes de reformas".
"Isso daí é um pouco mais de confiança ao investidor, principalmente ao investidor internacional, mas também ao investidor nacional, de que o Brasil continuará seguindo determinado receituário de políticas."
Apesar dos elogios feitos ao Brasil e da sinalização de uma proximidade, o diretor da OCDE na América Latina também destacou algumas ressalvas. Durante participação na 9ª edição da ABES Software Conference, em São Paulo, Martínez-Yllescas sublinhou que o país ainda tem muito a avançar no chamado mundo digital, apesar de sua liderança regional em número de start-ups.
Questionado se esse avanço é o que falta para consolidar a candidatura do Brasil para fazer parte do grupo, Rafael Cagnin explica que, para os padrões da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, ainda há outras áreas nas quais o país precisa melhorar para atingir um nível digno de elogio.
"Os fluxos de financiamento, programas de financiamento, os fluxos de investimento, a infraestrutura também não são padrão OCDE. Então, veja: tem outras áreas que realmente precisaríamos avançar para que pudéssemos chegar nesse padrão aí, mas, enfim, isso faz parte do processo de aproximação. E o importante, no fundo, mais do que, eu acho, entrar ou não entrar na OCDE, é criar condições para que isso seja possível."