Um dia após mais de um milhão de pessoas realizarem passeata em Santiago, maior protesto no país desde a redemocratização, o presidente chileno, Sebastián Piñera, prometeu mudanças no governo e disse que os cargos de todos os ministros estavam à disposição.
"Pedi a todos os ministros colocarem os cargos a disposição para poder estruturar um novo gabinete para poder enfrentar essas novas demandas e lidar com os novos tempos", disse Piñera, segundo publicado pela agência Reuters.
O presidente, no entanto, não afirmou quando pretende fazer essa mudança ministerial. Piñera mudou seu gabinete por duas vezes em 15 meses. O governo já fez uma série de concessões, como congelar tarifas de energia e transporte e aumentar pensões e o salário mínimo.
Estado de emergência pode ser retirado no domingo
Além disso, o chefe de Estado disse que o estado de emergência decretado por ele há uma semana pode ser retirado neste domingo (27), caso as "circunstâncias permitam".
"Estamos em uma nova realidade. O Chile é diferente do que era há uma semana", disse o presidente.
Os militares, por sua vez, anunciaram que o toque de recolher seria levantado neste sábado, como pôde ser comprovado nas ruas do país. A presença do exército diminuiu nas ruas da capital em relação aos dias anteriores. Mesmo assim, centenas de manifestantes se concentraram em frente ao Palacio de la Moneda, em Santiago, e foram dispersados por jatos de água. Também houve confronto na cidade portuária de Valparaíso, sede do legislativo.
A maior parte das linhas de metrô voltaram a operar, assim como os ônibus. O comércio reabriu.
A onda de protestos no país, que começou contra um aumento no preço das passagens do metrô, deixou um saldo até o momento de 19 mortes e 7 mil detidos. Houve saques, confrontos e incêndios. Os manifestantes denunciam brutalidade policial. A ONU anunciou que enviará uma missão ao país para investigar violações dos direitos humanos.
As reivindicações extrapolaram a alta das tarifas no transporte e se tornaram um pedido por melhores condições sociais, saúde, educação e pensões. Muitos também pedem a renúncia de Piñera, que no início da crise adotou um discurso de confronto, chegando a afirmar que o Chile estava em "guerra".