Nesta semana, a agência de classificação de risco Standard and Poor’s (S&P) publicou um relatório no qual defende que não faz mais sentido agrupar os países do BRICS em um grupo unificado. Para a agência, as disparidades nos ritmos de crescimento do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul são muito significativas.
"Infelizmente para nós, neste caso devemos concordar com a S&P. Lembremos que o termo 'BRIC' foi cunhado pela primeira vez no ano de 2001. A África do Sul foi incluída no bloco posteriormente. Naquela época, o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, como grupo das maiores economias emergentes do mundo, tinham perspectivas de crescimento econômico muito, muito boas", disse o economista.
Ermolaev também lembrou que o crescimento médio do Brasil no período de 2001 a 2010 foi de 3,7%. A média da Rússia foi de 4,8%, enquanto a da Índia totalizou 7,5% e a da China –10,5%.
"Notemos que já nessa década [2001-2010] o ritmo de crescimento dos países do BRICS já era bastante dispare", disse o economista, acrescentando que essa desigualdade se manteve no período de 2011 a 2019.
De acordo com o último prognóstico do FMI, as economias da China e da Índia devem crescer 6,1% em 2019, enquanto a economia russa deve crescer 1,1%. A economia do Brasil, por outro lado, deve escapar por pouco da recessão, com um crescimento de 0,9%, bem como a África do Sul com 0,7%.
O FMI prevê que no ano de 2020 o crescimento da economia indiana seja de 7%, superior ao crescimento chinês, estimado em 5,8%. Os demais países do grupo, Rússia, Brasil e África do Sul, devem enfrentar crescimentos muito mais baixos: 1,9%, 2% e 1,1%, respectivamente.
"Em perspectiva de longo prazo, a Índia e a China devem ultrapassar significativamente os demais membros do grupo no quesito do crescimento econômico. Por isso, é inevitável que os interesses dos países do BRICS se distanciem gradualmente", explicou o economista.