Um recente estudo sobre as capacidades militares do Irã e a balança de poder no Oriente Médio avalia que as guerras regionais estão sendo travadas em duas camadas: entre Estados e na chamada "zona cinzenta", onde nenhuma força de combate convencional consegue contrabalançar o domínio soberano do Irã.
O longo estudo, publicado pelo Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS), considera que a rede de influências do país, incluindo as milícias xiitas, possui uma importância maior do que suas próprias forças militares convencionais.
Acredita-se que a rede opera de formas diferentes na maioria dos países, sendo organizada por Teerã como um instrumento chave para conter focos de instabilidade regional, assim como a pressão internacional. Esta política "tem dado consistentemente ao Irã vantagens sem o custo ou risco de um confronto direto com seus adversários".
Ainda que o relatório reconheça que, em geral, a balança de poder ainda favoreça os EUA e seus aliados, a balança de forças efetivas mudou a favor do Irã atualmente. O relatório do IISS afirma que "o Irã está disputando e vencendo 'guerras entre povos', não guerras entre Estados".
O relatório também aporta uma série de estimativas: a força extraterritorial da Al-Quds e diversas milícias totalizariam um número de 200 mil combatentes. Enquanto isso, o custo total das atividades do Irã no Iraque e Iêmen foi de 16 bilhões de dólares americanos e o Hezbollah recebeu US$ 700 milhões oriundos da República Islâmica.
O estudo é publicado em um momento em que o Irã continua a lidar com as sanções econômicas impostas pelos EUA e que se seguiram à saída unilateral norte-americana do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), em 2018.
Em 8 de maio, o primeiro aniversário da medida, Teerã anunciou que começaria a abandonar as obrigações estipuladas no JCPOA a cada 60 dias, caso os signatários europeus não se esforcem para salvar o acordo, resguardando os interesses iranianos diante das sanções norte-americanas.