"Tenho o objetivo de constituir uma forte integração regional latino-americana", afirmou ele na gravação transmitida durante a cerimônia de abertura da segunda reunião realizada pelo Grupo Puebla, órgão regional de esquerda que reúne 32 líderes progressistas de 12 países.
O ex-presidente reconheceu que ainda continua "com o sonho de construir nossa grande América Latina", por isso está disposto "a viajar pelo Brasil e pela América Latina".
Em sua mensagem, Lula foi firme ao anunciar que combaterá "o lado podre do Judiciário, o lado podre da Polícia Federal, do Ministério Público e das empresas brasileiras".
"É importante termos coragem e enfrentá-los, porque a elite latino-americana é uma elite muito conservadora e não aceita a ideia de um povo pobre na escada das conquistas sociais", afirmou.
Você só pode melhorar a vida de todos os países "se as pessoas respeitarem os pobres e lhes derem trabalho e permitirem uma melhor distribuição de renda", acrescentou.
O petista, libertado na véspera, parabenizou vários líderes regionais presentes no Grupo Puebla, incluindo o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, a ex-presidente brasileira Dilma Rouseff, e o ex-ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, este uma "figura vanguardista da integração latino-americana".
Lula também destacou a vitória na Bolívia do presidente Evo Morales, "apesar do crime" de que foi vítima, afirmou.
No final da gravação, o ex-presidente brasileiro também enviou "um abraço a todos os camaradas de todos os países participantes do Grupo Puebla".
O grupo tem entre seus membros mais proeminentes os ex-presidentes Rafael Correa (Equador, 2007-2017), Dilma Rousseff (Brasil, 2011-2016), Lula (2003-2011), Fernando Lugo (Paraguai, 2008-2012), e José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha, 2004-2011).
A organização também é composto pelo ex-presidenciável petista Fernando Haddad, o candidato à presidência da Frente Ampla no Uruguai, Daniel Martínez, e o ex-ministro de Relações Exteriores do Equador, Guillaume Long, entre outros.
#LULALIBRE Pepe Mujica (Uruguai), Alberto Fernandez (Argentina), Ernesto Samper (Colômbia), Fernando Lugo (Paraguai) e Dilma Rousseff (Brasil). Viva à América Latina! #equipeLula pic.twitter.com/zCWxlLpdIP
— Lula (@LulaOficial) November 9, 2019
A primeira reunião deste fórum ocorreu em Puebla, México, de 12 a 14 de julho, quando as bases foram lançadas para a sua criação.
'Voz da América Latina'
De acordo com o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, o Grupo Puebla se tornará a voz que representa a América Latina para o mundo.
"O Grupo Puebla será a voz que surge diante do mundo para contar o que está acontecendo na América Latina", disse o líder peronista do Emperor Hotel, no norte da capital argentina, durante a inauguração do segundo encontro desse grupo.
Como um fórum para líderes progressistas da região, o Grupo Puebla também será o exemplo de "deixar os líderes que defenderão a América Latina que os grandes líderes de nossa independência sonharam", acrescentou Fernandez.
EN VIVO | Apertura del II Encuentro del Grupo de Puebla. https://t.co/rctoBd6VZx
— Alberto Fernández (@alferdez) November 9, 2019
Para isso, será necessário "garantir as liberdades no continente, respeitando cada povo e incentivando-os a encontrar sua liberdade", no desejo de viver em uma região "mais igualitária", prosseguiu.
O líder peronista, que governará a Argentina a partir de 10 de dezembro, anunciou que no sábado pela manhã havia conversado por quase uma hora com o presidente da França, Emmanuel Macron, em uma conversa "esplêndida".
Fernández disse ao presidente da França que "todo esse tempo eles conquistaram outras vozes" na América Latina.
O que acontece na Bolívia, por exemplo, é que "uma classe dominante não se resigna a perder o poder na frente de um presidente que é o primeiro presidente daquele país a parecer bolivianos", afirmou.
Em seu diálogo com Macron, Fernández também se referiu ao que acontece no Chile, "onde 1% da população se apropria de 30% da renda".
Para que o Chile recupere a paz, o país deve ser redirecionado "em um modelo mais igualitário", afirmou Fernandez.
"Eu gostaria que o presidente [Sebastián] Piñera fizesse um esforço maior, porque o Chile está reivindicando, porque essa é a maneira de pensar sobre a paz no Chile", insistiu.