O ato marcou o início das mobilizações convocadas pelos sindicatos agrários em apoio ao presidente Evo Morales, que renunciou do seu cargo no dia 10 de novembro.
"É hora de se unir, defender nossos direitos, e hoje em todo o país pedimos nossa mobilização", disse o líder da Confederação dos Povos Interculturais, Henry Mamani, a repórteres na sede da organização em La Paz.
Muito camponeses vieram de longe. Alguns vieram da região costeira do Lago Titicaca e incluíram os "ponchos vermelhos", grupos do povo Aimara, conhecido por sua tradição guerreira, segundo relatos de vários canais de televisão locais.
A multidão se concentrou nos arredores da Universidade Pública de El Alto, onde os líderes anunciaram que se declaravam em protesto permanente em rejeição ao "golpe de estado de [Luís] Camacho e [Carlos] Mesa".
Camacho e Mesa são mencionados como inimigos nas declarações de políticos e líderes sociais que repudiam os protestos que levaram à anulação das eleições de outubro.
Camacho, por outro lado, nesta segunda-feira, cobrou continuação de mobilizações que forçaram a renúncia de Evo Morales.
Em resposta, Mamani disse que os sindicatos camponeses "não permitirão que Camacho ou Mesa cheguem à presidência" e leu à imprensa uma resolução da Confederação dos Povos Interculturais que instrui "cerco permanente [a La Paz] em defesa da democracia e da democracia do voto camponês e indígena".
Uma determinação semelhante foi emitida pela maior organização rural do país, a Confederação Única dos Trabalhadores Camponeses da Bolívia, um dos apoios de Morales.
A chegada dos camponeses em El Alto aumentou a tensão que persistia em várias regiões da Bolívia no dia seguinte à queda de Morales.
Em El Alto, os manifestantes "anti-golpe", como eram chamados, entraram em conflito várias vezes com a polícia que retomou o trabalho, após greve de 48 horas.