Exército leal: por que cenário de renúncia presidencial na Bolívia não ocorreu na Venezuela?

© REUTERS / Kai PfaffenbachTropa de choque se posiciona para enfrentar manifestantes, que construíam barricadas improvisadas, durante confronto entre manifestantes
Tropa de choque se posiciona para enfrentar manifestantes, que construíam barricadas improvisadas, durante confronto entre manifestantes - Sputnik Brasil
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Diferentemente da situação venezuelana, o Exército da Bolívia desempenhou um papel importante na atual crise do país ao apoiar a oposição do ex-presidente Evo Morales, opinou cientista político.

As Forças Armadas bolivianas neste domingo (10) pediram que Morales abandonasse a presidência para garantir a estabilidade no país. A renúncia foi anunciada um pouco depois.

"Há uma diferença significativa [entre Bolívia e Venezuela]. O Exército continua sua posição de lealdade a Maduro na Venezuela, e no caso da Bolívia isso não aconteceu. Obviamente, o Exército e a polícia desempenharam um papel decisivo no caso boliviano, declarando sua escolha em favor do oponente de Morales", disse à Sputnik o diretor do Instituto da América Latina da Academia de Ciências da Rússia, Vladimir Davydov.

Nas eleições presidenciais de 20 de outubro de 2019, Morales venceu o primeiro turno, mas seu principal rival, Carlos Mesa, não reconheceu os resultados da votação.

"Carlos Mesa não é um político de direita, mas, sim, um político socialdemocrata bastante moderado, que já teve experiência de governar o país e, ao que parece, não deixou uma má memória de si próprio. Porque, neste caso, a memória histórica dos bolivianos funcionou a seu favor", complementou o especialista.

Árbitro na América Latina

De acordo com o analista, o papel do Exército como instituição e árbitro na América Latina está crescendo novamente.

"É improvável que os acontecimentos na Bolívia afetem a mentalidade e a vontade política do presidente [venezuelano] Nicolás Maduro, que acredita que é legítimo defender as posições que estão associadas a um amplo movimento que herda a política de Hugo Chávez. Os eventos na Bolívia e no Chile são exemplos de ação multidirecional", concluiu o especialista.

Nas últimas semanas, os protestos na Bolívia não cessaram e registaram casos de incêndio e de apreensão de edifícios. No dia 10 de novembro, uma série de altos funcionários anunciou renúncia, devido a ameaças e ataques às suas famílias, e o governo aceitou o vice-presidente da oposição no Senado.

Os militares bolivianos, que recentemente se recusaram a agir contra os manifestantes, autorizaram o uso da força contra grupos armados ilegais em meio à crescente violência nas ruas.

© REUTERS / Carlos Garcia RawlinsPresidente da Bolívia, Evo Morales, faz comunicado à imprensa
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Presidente da Bolívia, Evo Morales, faz comunicado à imprensa

Vários países, incluindo Venezuela, Cuba e México, disseram que a Bolívia sofreu um golpe de Estado.

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