A vice-presidente eleita da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, criticou a autoproclamação de senadora de oposição ao cargo de presidente interina da Bolívia, após renúncia sob coação do mandatário do país, Evo Morales, neste domingo (10).
"Agora, [as pessoas] se autoproclamam com grande patrocínio midiático e imediato reconhecimento de já sabemos quem", disse, em uma possível referência ao rápido reconhecimento norte-americano da nova chefe de Estado interina da Bolívia.
Assim como os EUA, o governo brasileiro também reconheceu a autoproclamação de Jeanine Áñez. O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, declarou que a percepção do Brasil é de que "a Constituição boliviana está sendo respeitada".
Em contrapartida, o governo argentino, liderado pelo adversário político de Kirchner, Maurício Macri, ainda não reconheceu o novo governo boliviano. O chanceler uruguaio, por sua vez, declarou que seu país só reconhece "presidentes que ascendem ao cargo por via de eleições", reportou a RT.
"É uma nova moda na América Latina: parece que já não é o povo que elege os seus presidentes", declarou a vice-presidente eleita.
A autoproclamação de Áñez é a segunda em menos de um ano na América Latina: em 23 de janeiro, Juan Guaidó se autoproclamou presidente da república na Venezuela. Assim como Áñez, Guaidó recebeu apoio imediato dos EUA e do governo de Jair Bolsonaro.
"O mais curioso é que dizem fazer isso em nome da democracia", concluiu Cristina Kirchner.
Nesta segunda-feira (11), a senadora da oposição Jeanine Áñez Chávez se autoproclamou presidente interina da Bolívia em sessão parlamentar sem quórum. O mandatário deposto, Evo Morales, denunciou a violação da Constituição boliviana e das normas da Assembleia Nacional do país.
Cristina Kirchner, que atualmente é senadora, foi recentemente eleita vice-presidente da Argentina, em chapa liderada por Alberto Fernández. Kirchner foi presidente da Argentina entre os anos de 2007 e 2015.