Diante da cúpula, que deve ocorrer nos dias 3 e 4 de dezembro, alguns portugueses devem realizar protestos, no dia 3 em Lisboa e no dia seguinte no Porto, com o objetivo de denunciar a "vocação agressiva" da OTAN, além de reclamar sua dissolução e exigir ao governo de Portugal que rejeite "o militarismo e a guerra".
Apesar de ser um dos membros fundadores, Portugal deve refletir sobre sua participação dentro da organização e pensar se realmente vale a pena seguir a doutrina e as pretensões da OTAN, ou apenas seguir e realizar seus caprichos.
Sabe-se que uma das principais razões de os EUA terem cortejado Portugal foi a sua posição geoestratégica, nomeadamente os Açores, também chamados de "Trampolim Atlântico", de fundamental importância devido a sua centralidade marítima entre os dois continentes.
Os interesses da organização seguem os mesmos nos dias atuais. Entretanto, o pensamento da OTAN não reflete o que foi traçado por seus fundadores, já que não há qualquer ameaça para muitos dos países-membros. Além disso, agora a OTAN estaria focando seu objetivo no Atlântico Sul, envolvendo Cabo Verde, Brasil e Angola, deixando de lado seu real propósito.
O "conceito estratégico" da OTAN está se tornando obsoleto e inadequado, ao mesmo tempo que o presidente norte-americano, Donald Trump, exige maior equilíbrio no esforço financeiro da organização e que os EUA decidem "encher" os países europeus com armas para conter seus "inimigos imaginários".
E é exatamente isso o que está incentivando os protestos que deverão ocorrer nos próximos dias. As organizações inclusive publicaram um manifesto, na página do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), contra o aumento das despesas militares.
Com isso, surge a ideia de que a organização hoje é apenas um grande capricho para suprir as necessidades dos EUA através da venda de armas e de inimigos que apenas os norte-americanos veem.
"Ao longo das décadas, a OTAN protagonizou e apoiou golpes de Estado, guerras de agressão e ocupações militares", denuncia o manifesto, enfatizando que o bloco constitui "a mais séria ameaça à paz e à segurança no mundo".
OTAN aumentará gasto com Defesa
Um exemplo disso é a pressão exercida pelos EUA para que a Europa e o Canadá destinem uma quantia maior de dinheiro a despesas militares. Os EUA exigem que os países-membros gastem 2% do PIB em defesa.
De acordo com o jornal Público, Portugal gastou 1,35% do PIB em defesa em 2018 e deve elevar esses gastos para 1,66%, ou até mesmo 1,98%, se conseguir obter fundos comunitários entre 2021 e 2027. Neste ano, Portugal elevou seus gastos para 1,41% do PIB, ou seja, a estimativa é que neste ano Portugal gaste quase € 3 milhões (R$ 14 milhões).
Contudo, o ministro da Defesa de Portugal, João Gomes Cravinho, afirma que as contribuições dos países aliados para a OTAN não devem ser medidas "apenas pela porcentagem do PIB", mas também pelos projetos de "partilha de responsabilidades", segundo o Jornal Económico.
Resta saber o quanto e se realmente vale a pena tamanho investimento em uma aliança militar que cria "inimigos imaginários" para elevar a comercialização de armas e obter benefícios próprios em prol de seus interesses mundiais, ressaltando o fato de Portugal ser um país pacífico e não sofrer qualquer ameaça.