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Brasil encarou COP 25 como 'reunião de negócios' e causa 'preocupação' no mundo, diz analista

© REUTERS / SUSANA VERARicardo Salles, ministro do Meio Ambiente do Brasil, durante a COP25, na Espanha.
Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente do Brasil, durante a COP25, na Espanha. - Sputnik Brasil
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A participação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, na mais importante conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) causa "preocupação aberta" no mundo, avalia analista ouvido pela Sputnik Brasil.

Acaba nesta sexta-feira (13) em Madri, na Espanha, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 25). O evento reuniu mais de uma centena de países para discutir o Acordo de Paris e ações para mitigar as mudanças climáticas.

O Estado brasileiro foi representado por Salles, que levou na bagagem um ano recheado de desastres ambientais, como Brumadinho, a disparada dos incêndios e do desmatamento na Amazônia e o derramamento de óleo que atingiu todo Nordeste, além do Espirito Santo e o Rio de Janeiro

O ministro brasileiro elegeu como prioridade de sua viagem conseguir recursos de países desenvolvidos para garantir a preservação ambiental brasileira. 

O professor de Relações Internacionais da Universidade Veiga de Almeida Tanguy Baghdadi avalia que Salles encarou a agenda na Espanha "quase como uma reunião de negócios, de prospecção de investimentos, transferência de recursos" e que a postura ambiental brasileira hoje gera "preocupação aberta" em outros países.

"A posição que o Brasil vem adotando desde o início do ano acabou prevalecendo, o que pegou muito mal para a imagem do país. O Brasil é um país importantíssimo do ponto de vista ambiental e não adianta o governo achar que ninguém está olhando para seus posicionamentos. Está todo mundo prestando atenção em cada ação, proposta".

Baghdadi afirma que o Brasil apresentou uma "postura contraditória" na COP 25 porque ao mesmo tempo em que pedia recursos, trabalhou para barrar termos como "emergência climática", segundo reportagem da BBC. 

"O Brasil pede uma coisa, mas não aceita cobranças, então nesse sentido a posição brasileira corroborou as piores expectativas que o mundo tinha", diz o professor da Universidade Veiga de Almeida.

As próprias políticas ambientais da pasta de Salles fizeram com que Alemanha e Noruega suspendessem neste ano a transferência de R$ 288 milhões para o Fundo Amazônia, projeto de preservação da maior floresta tropical do mundo que já movimentou mais de R$ 1 bilhão. À época, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a chanceler alemã, Angela Merkel, poderia aproveitar os recursos para reflorestar seu próprio país. 

Salles chegou a afirmar que havia costurado um acordo com a Alemanha para reformular o Fundo Amazônia, mas foi desmentido pela embaixada alemã no Brasil, que disse ter recebido a informação sobre o suposto acordo com "espanto". 

Já a Colômbia anunciou durante a COP 25 um acordo com Alemanha, Noruega e Reino Unido para receber US$ 360 milhões até 2025 para preservar sua porção da Floresta Amazônica. Ao contrário do Brasil, o país do presidente Iván Duque reduziu em 10% o desmatamento da Amazônia em 2018, na comparação com 2017, e os dados preliminares de 2019 indicam que as cifras da devastação continuam em queda. 

Baghdadi diz que o Brasil sofreu uma "degradação muito rápida" na liderança internacional que já teve na discussão ambiental. "O mundo vai acabar olhando para países com posicionamentos mais claros e assertivos", afirma o professor de relações internacionais. 

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