Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o ministro da corte disse que "o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente" e que "a Lava-Jato destruiu empresas".
O chefe da Lava Jato em Curitiba rebatou as acusações por meio do Twitter. "Dizer que a Lava Jato quebrou empresas é uma irresponsabilidade: é fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção", afirmou Dallagnol.
Toffoli enalteceu a importância da operação, afirmando que ela "desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia, colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção".
Mas, segundo o magistrado, existe insegurança jurídica sobre os acordos de leniência, o que fez com que empresas quebrassem, o que "jamais aconteceria nos Estados Unidos" ou na "Alemanha". Toffoli afirmou ainda que o Ministério Público deveria ser uma instituição mais transparente.
'Responsáveis são os criminosos. A Lava Jato aplicou a lei'
Dallagnol postou cinco mensagens no Twitter rebatendo as críticas. De acordo com o procurador, a opinião do presidente do STF é o mesmo que "culpar pelo homicídio o policial porque ele descobriu o corpo da vítima, negligenciando o criminoso".
"Os responsáveis são os criminosos. A Lava Jato aplicou a lei", afirmou.
Dizer que a Lava Jato quebrou empresas é uma irresponsabilidade:
— Deltan Dallagnol (@deltanmd) December 16, 2019
1. É fechar os olhos para a crise econômica relacionada a fatores que incluem incompetência, má gestão e corrupção.
Para o procurador, culpar a Lava Jato pela quebra de empresas, opinião compartilhada por outros especialistas na área jurídica além de Toffoli, "é fechar os olhos para a raiz do problema, a prática por muitos políticos e empresários de uma corrupção político-partidária sanguessuga, que drena a vida dos brasileiros".
Deltan afirmou ainda que a operação "vem recuperando por meio dos acordos mais de R$ 14 bilhões de reais para os cofres públicos, algo inédito na história", e que a Lava Jato continuará "aplicando a lei, que ainda é muito inefetiva no Brasil".
Dallagnol defende prisão após primeira ou segunda instância
Ele também aproveitou para defender a prisão após primeira ou segunda instância. "Nos Estados Unidos, a prisão acontece depois da primeira ou segunda instância. Sem efetividade da lei, não há rule of law ou estado de direito", disse.
Outro integrante da força-tarefa na capital paranaense, o procurador Roberto Pozzobon, também criticou Toffoli.
"Respeitosamente, Min. Toffoli, a Lava-Jato não 'destruiu' empresa nenhuma. Descobriu graves ilícitos praticados por empresas e as responsabilizou, nos termos da lei. A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a Lava-Jato não fez", afirmou.
Respeitosamente, Min. Toffoli, a #LavaJato não “destruiu” empresa nenhuma.
— Roberson Pozzobon (@RHPozzobon) December 16, 2019
Descobriu graves ilícitos praticados por empresas e as responsabilizou, nos termos da lei.
A outra opção seria não investigar ou não responsabilizar. Isso a #LavaJato não fez.https://t.co/QNZPNsG2Tt
Diálogos divulgados pela site The Intercept e outros veículos de imprensa indicam supostas irregularidades cometidas pelos integrantes da Lava Jato e o ex-juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça.