Apesar de ter sido nomeado como um dos quatro "adversários de grande poder" dos Estados Unidos e de ter conseguido expandir sua influência e projetar seu poder no Oriente Médio, o Irã tem investido relativamente pouco em suas Forças Armadas quando comparado com seus principais adversários regionais, e mantém um orçamento de defesa reduzido em relação aos mesmos, explica o portal Military Watch.
Tais atores incluem forças armadas modernas e altamente capazes, particularmente Israel, a Arábia Saudita e os Estados Unidos. Todos estes Estados apelaram à mudança de regime e ameaçaram com intervenção militar contra o Irã. A crescente cooperação militar entre Israel e a Arábia Saudita, visando especificamente o Irã, a rápida expansão da presença militar norte-americana na região do Golfo, com um foco particularmente forte na guerra aérea, e os Emirados Árabes Unidos também mantendo níveis de despesa superiores, indicam que a ameaça ao Irã por parte desses países permanece real.
Além de mais, o Daesh e a Al-Qaeda (organizações terroristas proibidas na Rússia e em vários outros países) levaram a cabo no passado ataques contra alvos iranianos.
Dificuldades do Irã
Com este panorama, foi levantada a possibilidade de o Irã dar prioridade ao investimento na modernização das suas capacidades de guerra aérea. No entanto, Teerã sofre de dificuldades econômicas consideráveis como consequência das crescentes sanções econômicas dos EUA, e a ONU proíbe a venda de armas ofensivas ao Irã (deverá ser levantada no final de 2020), então não tem grande espaço de manobra aquisitivo.
A espinha dorsal da Força Aérea Iraniana é atualmente composta por caças F-5E e F-4D/E de terceira geração, produzidos durante a Guerra do Vietnã, para um total de 17 esquadrões de combate, segundo aponta Military Watch. Também tem aviões de quarta geração em números mais limitados, como F-14 e MiG-29.
Teerã também tem realizado investimentos consideráveis no desenvolvimento de sistemas de defesa antiaérea modernos, como o 3º Khordad, Khordad 15 e Bavar-373, e deve comprar sistemas russos mais avançados, como o S-400, e caças russos, nos anos 2020.
Solução apontada
Também o Su-57 russo da próxima geração de caças de superioridade aérea deve custar pelo menos US$ 3 bilhões (R$ 12,2 bilhões) às Forças Armadas do Irã, e os custos operacionais da nova aeronave são altos (embora talvez menores do que os F-14 já em serviço).
Apesar de tudo, duas dezenas de caças Su-57, equipados com mísseis hipersônicos ar-ar e sistemas de aviônica e guerra eletrônica de próxima geração, serão capazes de enfrentar adversários em todas as atitudes e podem potencialmente ser usados para fornecer apoio aéreo e projetar força para além das fronteiras do Irã de uma forma que os sistemas terrestres, tais como o S-400, não conseguem. Assim, os Su-57 poderiam dar um grande contributo à defesa do Irã, sendo qualitativamente superiores aos dos seus adversários no Oriente Médio, sublinha mídia.
Caças mais baratos, como o J-10C ou mesmo o JF-17, permitiriam ao Irã investir em mais esquadrões, mas estes aviões não têm as vantagens qualitativas necessárias para dissuadir e, se necessário, confrontar as mais numerosas frotas de quarta geração destacadas pelos EUA e seus aliados, sendo assim muito menos vantajosas para a defesa do Irã.
Tendo em conta as atuais limitações da Força Aérea iraniana, a estratégia do país pode passar assim por retirar esquadrões mais antigos e adquirir um pequeno número de caças de topo capazes de superar confortavelmente os principais aviões dos seus maiores adversários potenciais, nomeadamente os F-16E, F-18E e várias variantes do F-15. Esta estratégia já foi utilizada pela URSS e Vietnã durante a Guerra Fria.