Segundo os cientistas, encabeçados pelo acadêmico soviético Mstislav Keldysh, o Space Shuttle poderia portar e largar mísseis nucleares contra complexos da indústria militar e administrativos soviéticos durante a Guerra Fria.
O original em russo do relatório foi publicado pelo historiador de cosmonáutica, Pavel Shubin.
Além disso, a hipótese da destruição de alvos móveis ou não detectados anteriormente pelo ônibus espacial era considerada real. Caso isso acontecesse, a URSS perderia meios vitais para sua defesa.
O relatório, assinado por Keldysh em 1976, também dizia que uma vez lançado a partir da base americana de Vandenberg, na Califórnia, o ônibus espacial atravessaria os céus da União Soviética e seus aliados em 70-80 minutos, "desde a fronteira ocidental da Alemanha Oriental e Checoslováquia, até as fronteiras orientais da URSS".
Ameaça pior seria a passagem do veículo espacial através do Polo Sul, o que dificultaria o trabalho de detecção do inimigo nos céus.
De acordo com modelos criados em computador, o ônibus espacial poderia lançar sua carga atômica de uma altitude de 67 km, o que em caso de formação de nuvens ionizadas de plasma tornaria a identificação do objeto difícil pelos meios de defesa no solo.
Contagem regressiva
Além disso, os cientistas acreditavam que a carga alcançaria a superfície terrestre em três ou quatro minutos, tendo Moscou como alvo.
Ao estudar dados americanos, os especialistas soviéticos descobriram que das quatro trajetórias planejadas para o Space Shuttle, duas coincidiam com as consideradas para um ataque.
Contudo, um ataque com mísseis intercontinentais seria mais vantajoso do que via ônibus espacial, segundo os cientistas.
Cosmódromo disfarçado e reação soviética
Ainda na opinião dos soviéticos, o cosmódromo de lançamentos civil de Cabo Canaveral, na Flórida, seria um mero disfarce para operações militares.
Ao ouvir sobre a possibilidade de tal modo de ataque, o secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética, Leonid Brezhnev, ordenou a construção do veículo espacial reutilizável Buran, conforme declarou à Sputnik o especialista em aviação e astronáutica, Vadim Lukashevich.
"Este documento é verdadeiramente único, nunca alguém o tinha visto até os dias de hoje", declarou o especialista ao comentar a importância do documento.