Além de as autoridades indianas terem relatado a presença de um navio de inteligência chinês próximo ao seu litoral em novembro, o país tem demonstrado maior "preocupação" com o suposto aumento de patrulhamentos de submarinos chineses no mar de Andamão, no oceano Índico.
Segundo publicou o portal News.com.au, as intenções do navio de pesquisa da China poderiam ser de duas categorias: militares ou econômicas.
Desta forma, os chineses poderiam tanto estar realizando operações de busca por recursos naturais ou mapeando os cânions no fundo marinho para submarinos poderem se esconder, de acordo com a mídia.
No entanto, o mar de Andamão apresenta grande importância devido ao fluxo de navios que passam no local e cruzam o estreito de Malaca. Desta forma, grande parte do comércio asiático passa por ali, enquanto em caso de conflito o conhecimento das águas da região seria vital.
Reclamações indianas
"Nossa postura é de que se você faz alguma coisa na nossa região, você tem que nos notificar ou receber nossa permissão", disse em transmissão televisiva o comandante da Marinha indiana, almirante Karambir Singh, sobre a presença de navios estrangeiros em águas indianas.
Ainda segundo a autoridade indiana, o navio de inteligência militar chinês Shiyan 1 operou em zonas econômicas da Índia sem a permissão da mesma.
Também os indianos relatam que de oito a dez navios e submarinos chineses visitam a região anualmente, um aumento considerável desde 2012, conforme noticiou o portal.
Bases no mar de Andamão
"O mar de Andamão está lenta, mas seguramente, se tornando o campo de batalha mais crucial. Embora isso não signifique que um choque entre as duas marinhas [indiana e chinesa] seja inevitável, as águas ao redor do mar de Andamão verão as duas marinhas em mais embates do que no passado", declarou o pesquisador do Instituto de Estudos do Sudeste Asiático, em Singapura, Yogesh Joshi.
Um exemplo da maior tensão na região seriam alguns projetos tanto da Índia quanto da China.
Pequim tem projetado construir um porto no litoral de Mianmar que receberá as exportações da China por via férrea e escoará as mercadorias pelo Índico, diminuindo a importância do estreito de Malaca para a China.
Além disso, obras de construção de ilhas artificiais estão em desenvolvimento no Sri Lanka e nas Maldivas, segundo o portal.
"Tais projetos estão mudando drasticamente os interesses políticos e econômicos da China no mar de Andamão", explicou Joshi.
Também segundo a mídia, Pequim tem construído ilhas artificiais que deverão abrigar bases militares, o que, em resposta, teria motivado Nova Deli a investir US$ 50 bilhões (cerca de R$ 203 bilhões) em infraestrutura em suas ilhas na região, além de planejar transferir para a região 32 navios até 2022.
Cooperação com a Austrália
"A Austrália tem uma Marinha muito capaz, e está comprometida em assegurar um 'Indo-Pacífico livre e aberto' – uma visão estratégica compartilhada pela Índia", declarou o especialista em defesa Arzan Tarapore ao portal.
Próximo à região do mar de Andamão, os territórios australianos das ilhas Christmas e Keeling permitem controlar os estreitos estratégicos de Sunda e Lombok.
Desta forma, o território ultramarino poderia ser usado pelos australianos em coopeação com a Índia para aumentar sua presença no leste do oceano Índico e contrabalancear a dita maior presença chinesa na região.