O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O'Brien, alertou o governo britânico que qualquer decisão de permitir que a gigante tecnológica chinesa Huawei participe do lançamento da tecnologia 5G no país arriscaria fornecer a Pequim acesso às informações pessoais dos cidadãos britânicos, bem como permitir que o Partido Comunista "roube" os segredos de inteligência de Londres.
Os comentários vêm em meio à discussão em curso no governo de Boris Johnson sobre a possibilidade de proibir o principal fornecedor de tecnologia de quinta geração de fazer parte das redes 5G do Reino Unido.
"Eles vão apenas roubar segredos de Estado por atacado, sejam eles segredos nucleares do Reino Unido ou segredos do MI6 ou do MI5", disse O'Brien em declarações ao jornal Financial Times, referindo-se aos serviços de inteligência britânicos.
"É algo chocante para nós que as pessoas no Reino Unido vejam a Huawei como uma espécie de decisão comercial. O 5G é uma decisão de segurança nacional."
O funcionário igualmente sugeriu que Pequim também poderia visar seletivamente indivíduos a fim de obter acesso a seus dados pessoais.
"Se você obtém todas as informações sobre uma pessoa e depois obtém seu genoma, e você junta essas duas coisas, e tem um estado autoritário segurando essa informação, isso é uma quantidade incrível de poder", explicou O'Brien à edição. "É espantoso por que é que o Reino Unido se inscreveria em um programa destes."
EUA lutam contra Huawei
Os EUA colocaram em maio a Huawei e 68 das suas subsidiárias na lista negra de negócios com empresas americanas, citando preocupações de segurança, mas muitos parceiros norte-americanos têm estado relutantes em seguir isso, incluindo a Alemanha e a França. Durante a entrevista, O'Brien também criticou fortemente a chanceler alemã Angela Merkel por defender sua posição de não banir a Huawei, apesar de se ter ouvido alguma oposição dentro de seu próprio partido.
Segundo relatos, Washington advertiu anteriormente o Reino Unido que a inclusão da Huawei na construção da sua infraestrutura 5G limitaria potencialmente o compartilhamento de inteligência entre os parceiros da organização Cinco Olhos (Five Eyes), que também inclui Austrália, Canadá, Nova Zelândia e EUA.
A questão também teria sido discutida durante a visita de Donald Trump a Inglaterra para a cúpula da OTAN neste mês, com o presidente dos EUA avisando Boris Johnson que sua relutância em proibir a Huawei poderia ter impacto em um acordo comercial bilateral entre os dois países após a separação do Reino Unido da União Europeia.
Em julho, o escritório da Huawei no Reino Unido advertiu que excluir a empresa da construção da infraestrutura 5G da Grã-Bretanha custaria à sua economia nacional cerca de US$ 8,7 bilhões (R$ 35,5 bilhões) e resultaria em redes 5G mais caras, o que aumentaria os preços para os usuários em geral.