A média global é de 74 robôs para cada dez mil empregados, enquanto no Brasil esse número é de apenas 10. Na Coreia do Sul, o índice é impressionante: 631. Já nos Estados Unidos, a proporção é de 189.
Num país como o Brasil, que vem enfrentando altos índices de desemprego, a utilização de robôs em diversos setores da economia e sociedade traz o medo de que mais postos de trabalho sejam perdidos.
No entanto, para a engenheira de computação e matemática Marinilza Bruno de Carvalho, falar que a robotização rouba empregos é um "mantra" falso.
"Isso é um mantra. Não existe esse risco. Quando você tem um robô, vai precisar de uma quantidade de pessoas para dar manutenção para aquele robô", disse à Sputnik Brasil a professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
O problema, aponta a especialista, é que existe uma deficiência na educação no país.
"Tudo vai cair na educação. Esses pessoas precisariam ser treinadas e capacitadas. E isso não é rápido", afirmou.
Um robô pode criar cinco novos postos
Marinilza explica que a substituição de um ser humano por um robô pode geral um saldo positivo de quatro postos de trabalho criados, pois seriam "necessárias, no mínimo, cinco pessoas para cuidar" do aparato.
Segundo a engenheira, muitas vezes no Brasil a máquina é utilizada, porém, por falta de manutenção "no dia seguinte ela vai estar enguiçando".
De acordo com Marinilza, a grande questão é planejar a produção e capacitar a mão de obra, criando mais turmas, indo até as empresas e elaborando projetos para as escolas.
"Precisamos de duas linhas de capacitação fortes no país. Treinar profissionais como engenheiros para a desenvolver robôs, o que não é novidade, mas precisa de quantidade. E capacitar para manutenção", disse.
Brasil tem conhecimento, mas falta planejamento
Para a professora, o Brasil tem "conhecimento" na área da robótica e desenvolve coisas "importantíssimas e inovadoras". Como prova disso, diz que projetos brasileiros na área costumam ser premiados.
"O que falta é um planejamento na expansão da capacitação, para que possamos dar uma resposta mais ágil a essa tecnologia que está chegando. Temos conhecimento e competência, mas não conseguimos avançar com rapidez", opinou.