Carlos Ghosn virou fugitivo internacional após ter revelado, nesta terça-feira (31), que havia fugido do Japão com destino ao Líbano, para escapar do que ele afirma ser um processo judicial "viciado" conduzido por Tóquio.
"O Ministério Público (...) recebeu um alerta vermelho da Interpol referente ao caso Carlos Ghosn", informou a agência de notícias libanesa ANI.
O alerta vermelho da Interpol, que solicita às autoridades que prendam um suspeito, foi recebido pelas forças de segurança interna do Líbano, mas ainda deve ser aprovado pelo poder judicial do país, reportou a Reuters.
No passado, o Líbano já recebeu alertas vermelhos da Interpol contra residentes do país que não foram cumpridos.
Ghosn, que é cidadão francês, libanês e brasileiro, foi retirado do Japão, aonde enfrentava um processo judicial, por uma companhia de segurança particular. O plano de fuga incluiu escala na Turquia, que mais tarde anunciou a detenção de sete pessoas, inclusive quatro pilotos de avião, envolvidas no incidente.
Dados de rastreamento de voo indicam que Ghosn usou dois aviões diferentes em sua rota.
De acordo com fontes próximas ao empresário, ele teria se decidido pela fuga após saber que seu segundo julgamento fora adiado para abril de 2021, e por ter sido proibido de falar com a sua mulher durante o rígido regime de liberdade condicional.
O Líbano não tem acordo de extradição com o Japão. Ghosn, que passou sua infância no país árabe, goza de relativo apoio no país, onde mantém extensa carteira de investimentos, principalmente em imóveis e no setor bancário.
O canal japonês NHK reportou nesta quinta-feira (2), que as autoridades japonesas permitiram que Ghosn mantivesse um de seus passaportes franceses trancado em uma maleta, mesmo durante sua liberdade condicional.
A informação esclarece um pouco do mistério que envolve a fuga do empresário do Japão, cujos passaportes estavam na posse de advogados.
Nesta terça-feira (31), Carlos Ghosn, ex-presidente de montadora de automóveis, informou que havia fugido do Japão para o Líbano. O empresário foi preso em novembro de 2018, acusado de corrupção e deixou a presidência das três montadoras que chefiava: Nissan, Mitsubishi e Renault.
Em Beirute, o empresário declarou que "não será mais refém de um sistema judicial fraudulento, em que se presume a culpa".
"Não fugi da justiça. Espapei da injustiça e da perseguição política", declarou.
Nesta quinta-feira (2), a secretária de Economia da França, Agnès Pannier-Runacher, declarou que, caso o empresário vá para a França, não será extraditado para o Japão: "A França nunca extradita os seus cidadãos", declarou em entrevista ao canal BFMTV.
Carlos Ghosn nasceu no Brasil, na cidade de Porto Velho (RO), de família libanesa. Passou a infância no Líbano e fez carreira na montadora francesa Renault, a partir de 1996. Em 2018, foi preso, acusado de sonegação fiscal e mau uso de bens da montadora Nissan.