Uma vez mais, o Uruguai considera realizar um tratado de livre comércio (TLC) com um país fora do Mercosul. Esta nova guinada surgiu na sequência da eleição do novo presidente, Luis Lacalle Pou, que assumirá o mandato do país em março.
Segundo opinou Ponce, diretor do Centro para o Comércio Exterior do Século XXI e ex-subsecretário de Indústria e Comércio, "o presidente eleito tem sido muito prudente, perguntando se seria possível e que inconvenientes existiriam".
No entanto, durante a campanha, o futuro mandatário afirmou sua intenção de "flexibilizar" o bloco comercial fundado pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai em 1991. O mesmo termo foi utilizado muitas vezes e mais recentemente pelos governos de Bolsonaro e do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez, aludindo à modificação da normativa do grupo para permitir que cada país negocie acordos comerciais de forma independente.
O novo quadro político da América do Sul estimula uma reconfiguração do Mercosul, criando divergências e convergências ideológicas. O Brasil, maior economia da região, demonstra desinteresse pelas trocas comerciais com os países vizinhos, se focando em uma relação econômica mais próxima com os Estados Unidos.
"Visto da Argentina, se analisarmos a partir do que poderia ser uma visão ideológica, começamos a sentir uma espécie de 'três a um'. Ou seja, a posição do presidente argentino, Alberto Fernández, em termos políticos, tem diferenças claras das dos presidentes paraguaio e brasileiro. Agora, com a posse de Lacalle Pou, se soma uma terceira", apontou Ponce.
Para o especialista em comércio exterior, a próxima cúpula presidencial será a chave para entender o rumo futuro do bloco. A reunião será realizada em julho na cidade paraguaia de Encarnación, onde será debatida a "resolução 32", que estabelece a proibição de negociar tratados com países de fora do bloco.
A reunião dos países membros no Paraguai será uma oportunidade para reaproximar Brasil e Argentina, que se distanciaram desde as eleições de Alberto Fernández.