Se a propagação do novo coronavírus levar a uma crise financeira global, o setor bancário italiano será o epicentro, afirmou David Lynch, analista econômico do jornal The Washington Post.
Lynch chama a atenção para a cessação da atividade comercial no país, e acredita que o futuro da oitava maior economia do mundo dependerá da resistência do sistema bancário, que durante muito tempo tem sido considerado um dos mais fracos da Europa.
"As empresas e as famílias em dificuldades podem deixar de pagar seus empréstimos bancários", alerta o especialista.
Outro problema, diz ele, é que os investidores estão assustados com as caras medidas anticrise de Roma, e por os títulos soberanos, que constituem a maioria dos ativos bancários, poderem se depreciar. Isto levaria a um efeito dominó, que poderia reduzir as reservas dos bancos e limitar seus empréstimos, o que abrandaria ainda mais a economia.
Além disso, os bancos italianos possuem cerca de um quarto da dívida pública do país, avaliada em US$ 2,4 trilhões (R$ 11,5 trilhões), "conectando o destino das instituições financeiras italianas e do governo de uma forma que poderia levar à desestabilização em condições de já forte desaceleração", diz.
O autor do artigo acredita que as autoridades italianas podem não conseguir lidar com uma crise bancária súbita.
Medidas recentes
Há poucos dias, o premiê italiano Giuseppe Conte anunciou a introdução de novas medidas para combater a propagação do coronavírus. Em particular, todas as atividades comerciais foram interrompidas, exceto os supermercados e farmácias.
O número total de casos de infecção na Itália aumentou em quase três mil nas últimas 24 horas, e o número de mortes já superou a marca de 1000.
Na terça-feira (10), as medidas de quarentena introduzidas anteriormente para uma série de regiões do Norte da Itália foram estendidas a todo o país. A deslocação entre cidades só passou a ser permitida se for estritamente necessária. Todos os eventos públicos foram proibidos e as instituições religiosas e culturais estão fechadas.