Desde o início do surto da COVID-19, analistas ligados a bancos e empresas de consultoria financeira vêm apresentando dados cada vez mais pessimistas para a economia mundial em 2020, devido a uma desaceleração generalizada em diversos setores.
A #SputnikExplica desta semana traz os fatores de risco que vêm atrapalhando a economia a nível nacional e internacional e suas perspectivas de recuperaçãohttps://t.co/LOTkCgzKA9
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No Brasil, onde as atividades econômicas já não estavam a pleno vapor antes da pandemia, a propagação do novo vírus está derrubando de maneira acentuada as expectativas dos consultores, com o JP Morgan e o Goldman Sachs, por exemplo, apontando para o risco de contração do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, enquanto outras instituições indicam crescimentos bem mais modestos do que os anteriores, entre zero e 1%.
Para Juliana Inhasz, coordenadora do curso de Economia do Insper, ao contrário de outros momentos de forte comoção internacional, este, provocado pelo surto do novo coronavírus, se torna mais particular e gera um pouco mais de instabilidade por não sabermos como "combater completamente o inimigo".
Em entrevista à Sputnik Brasil, ela destaca a importância de todos terem em mente os desdobramentos econômicos dessa crise para o mundo e para o Brasil, que, segundo ela, já vinha em uma trajetória difícil de recuperação e, agora, pouco pode contar com o cenário internacional para se reerguer no curto prazo.
"É um país que cresce ao longo dos últimos três anos, mas cresce muito pouco. E que sempre contou muito com o resto do mundo, com a ajuda de setores externos, para conseguir crescer pouco. Agora, a gente não conta mais com essa ajuda", declarou a especialista.
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Segundo Inhasz, a situação atual exige que o Brasil procure meios de desenvolver a sua economia por conta própria, apesar dos impactos negativos da pandemia na economia nacional e mundial.
"Certamente, o Brasil vai sofrer bastante com essa pandemia. Não só pelos impactos sociais que ela causa agora, que, certamente, vão ser bem complicados e preocupantes para a economia brasileira, mas também pela herança econômica que essa pandemia vai deixar."
A acadêmica acredita que, mesmo com essas previsões cada vez mais negativas para o crescimento brasileiro, ainda é um pouco cedo para decretar como será o desempenho do PIB do Brasil em 2020, por estarmos, ainda, no começo da crise, sem conhecer sua profundidade.
"A gente ainda tem aí, pelo menos, nove meses e meio pela frente. Porém, é óbvio que a gente está falando de um evento que deve perdurar [...] pelo menos, até o meio deste ano."
A economia brasileira, ainda de acordo com a economista, não tinha, ao contrário do que afirma o ministro Paulo Guedes, dado grandes sinais de avanço até então, independentemente do surto do coronavírus. Sendo assim, ela considera que, nesse novo quadro, ao longo de seis meses, mais ou menos, o Brasil deve sofrer não apenas com essa falta de avanço, mas também com possíveis retrocessos.
Coronavírus: governo vai injetar R$ 150 bilhões na economia, anuncia Guedes https://t.co/5TEwl4viAo pic.twitter.com/qoW9W0zw7H
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"Fábricas vão parar de produzir, pessoas devem reduzir um tanto do seu consumo, a circulação nos grandes centros urbanos já está reduzindo, então, as pessoas deixam de comprar coisas, reduzem um tanto do seu consumo [...] A gente está falando, no final das contas, de uma redução da atividade econômica em um nível bem diferente daquele que a gente conhece até em grandes recessões", afirma.
Resumindo, a especialista prevê um primeiro semestre extremamente atípico para a economia brasileira, mas isso, segundo ela, não permite cravar um quadro de recessão como uma certeza para o Brasil em 2020.
"A gente enxerga que ela [recessão] está muito mais próxima do que a gente enxergava antes."