O primeiro projeto de lei para aprovação no Knesset (parlamento israelense) pretende legalizar a anexação do Vale do Jordão ocupado, da área ao norte do mar Morto e do deserto de Hebron. O segundo projeto, se aprovado, reintroduziria a pena de morte para prisioneiros palestinos.
Os dois projetos provocaram uma imediata e enérgica reação da Autoridade Palestina, mas até agora a maior parte da comunidade internacional tem ignorado a questão.
Esses projetos parecem ter como objetivo diminuir as possibilidades de Benny Gantz de formar governo.
Recentemente indigitado pelo presidente para apresentar um executivo, Gantz necessita dos votos do partido de direita liderado por Lieberman e dos partidos que representam a minoria árabe.
A resposta palestina
Fayez Abu Ayta, secretário do Conselho Revolucionário do movimento Fatah, disse em entrevista à Sputnik Árabe que "a implementação do Acordo do Século é uma ideia fixa de Netanyahu e de seu partido. A comunidade internacional deveria condenar os projetos de lei por serem contrários ao direito internacional", disse ele.
Para o responsável da Fatah, eles "são crimes contra o povo palestino, contra a nossa terra. Não vamos ficar parados perante a política populista do Likud, especialmente no caso da anexação de terras palestinas ou qualquer medida que possa causar danos aos prisioneiros palestinos nas prisões israelenses. Não vamos permitir que isso aconteça".
Projetos visam condicionar Ganz
Por sua vez, Ayman al-Rakab, professor de ciências políticas na Universidade Al-Aqsa em Jerusalém, acredita que o Likud está tentando com estes dois projetos de lei minar a tentativa de Benny Ganz de formar uma coalizão governamental.
"Ganz já se entendeu com a Lista Árabe Unida e o partido de Liberman […] Dado que nestas circunstâncias nem Lieberman nem os árabes israelenses apoiarão esses projetos, o Likud pode afirmar que eles estão tentando impedir sua liderança legitimada pelas últimas eleições", disse.
Para o professor, Netanyahu está tentando abertamente colocá-los em um beco sem saída, pois Ganz apoiou o plano de Trump. Por isso ele prevê que os projetos seriam aprovados.
Quanto à Autoridade Palestina, por sua vez, só lhe resta recorrer à ONU, pois não possui nenhuma outra alternativa, concluiu o especialista.