O Ministério Público venezuelano convocou o oposicionista Juan Guaidó para interrogá-lo relativamente a uma tentativa de golpe de Estado e de assassinato do presidente Nicolás Maduro, disse o procurador-geral Tarek William Saab, segundo relata a emissora pública alemã Deutsche Welle.
"Convocamos à Procuradoria Geral na quinta-feira [2] às 9h da manhã [10h, hora de Brasília] uma das principais pessoas implicadas [na tentativa de golpe]. Segundo Clíver Alcalá, estou falando de Juan Guaidó", disse Saab aos repórteres.
De acordo com o procurador-geral, Guaidó deve responder "às acusações desta tentativa de golpe, tentativa de assassinato do chefe de Estado por parte de um cidadão fugitivo e ator principal".
Saab disse que a tentativa de golpe falhou quando foram apreendidas armas no valor de US$ 500 mil (R$ 2,6 milhões) na semana passada. Saab também citou a entrevista do ex-general à emissora de rádio colombiana La W, na qual Alcalá disse que a compra dessas armas fazia parte de um acordo com Guaidó e alguns cúmplices norte-americanos. As autoridades colombianas não sabiam de nada sobre o acordo, disse ele.
Saab também sublinhou que o procurador havia planejado solicitar a extradição de Alcalá da Colômbia para a Venezuela, mas o ex-general foi enviado aos Estados Unidos, onde é procurado pelo Departamento de Justiça local.
Na semana passada, o departamento norte-americano apresentou queixa criminal contra Maduro e altos responsáveis venezuelanos, incluindo Alcalá, por supostamente facilitarem o tráfico de drogas para os Estados Unidos.
Os promotores iniciaram uma investigação após a apreensão de um depósito de armas ligado ao general venezuelano aposentado Clíver Alcalá Cordones na vizinha Colômbia.
O procurador-geral disse que as armas seriam contrabandeadas para a Venezuela para serem usadas na tentativa de golpe, que posteriormente fracassou. Alcalá então se rendeu na Colômbia e disse que Guaidó estava envolvido na conspiração, de acordo com Saab.
A Procuradoria Geral da Venezuela emitiu um mandado de prisão para Alcalá por traição à Pátria, tráfico de armas e tentativa de assassinato do chefe de Estado.
Crise na Venezuela
A situação política na Venezuela se agravou em janeiro de 2019, quando Guaidó desencadeou uma crise política no país ao se proclamar presidente interino, em uma tentativa de destituir o presidente reeleito, Maduro, em meio a protestos em massa.
Vários países, incluindo os EUA, reconheceram-no como líder da Venezuela e exortaram Maduro a renunciar. O presidente, por sua vez, chamou Guaidó de fantoche dos EUA e acusou abertamente o país norte-americano de tentar orquestrar um golpe e obter acesso às reservas de petróleo do país usando um político subserviente no poder.