O autor da matéria na edição croata da publicação Advance salienta que um total de 740 milhões de pessoas vivem na região, incluindo a Rússia. Segundo ele, a Europa pode ser dividida em duas partes: a ocidental e oriental, esta última composta pelos países que faziam parte do bloco socialista antes do colapso da União Soviética.
Na Europa Oriental vivem ao redor de 40% dos habitantes do continente, enquanto que na Ocidental, 60%.
Contudo, o número de casos de infecção é muito diferente entre eles, em aproximadamente 60 vezes. Além do mais, a taxa de mortalidade no Leste do continente é 17 vezes menor que no Ocidente europeu.
O autor sugeriu várias teorias que explicariam esta diferença.
Em primeiro lugar, pode ter a ver com um possível ocultamento do número real de casos de infecção. No entanto, observa que as acusações de falsificação de estatísticas têm motivação política e que, ainda que alguns dados sejam falsos, é pouco provável que possam alterar seriamente a grande diferença entre as duas partes da Europa.
O autor também cita o exemplo da China, que foi acusada de não ter informado o número exato de casos e mortes, mas o país anunciou recentemente uma vitória sobre a epidemia e cancelou a quarentena em todas as províncias.
"A China não dispararia em seu próprio pé", afirmou.
A segunda razão é o diferente número de viagens de um país para outro nas várias partes da Europa. O autor cita a frequência de voos na Europa Ocidental e, por exemplo, na Polônia, Romênia ou Ucrânia. Porém, o jornalista acredita que este motivo não afetou tanto o quadro geral.
"Sabe-se que a COVID-19 é muito contagiosa e que passou um bom tempo entre sua propagação e a introdução de medidas de restrição. O vírus também se estendeu amplamente no Leste da Europa", considera o artigo.
A terceira causa é a mentalidade. Conforme as palavras do autor, é difícil "impor" algo à população nos países ocidentais, enquanto no Leste, muitas pessoas "não discutem e cumprem" as ordens.
"Agora, em um período especial, esta mentalidade provavelmente salva", escreve o autor.
Além do mais, salienta que as precauções são mais restritas nos países da Europa Oriental, em comparação aos Estados Unidos e Europa Ocidental.
A quarta razão é a genética. O autor escreve que na Europa Oriental a maioria da população pertence ao grupo eslavo. Estas pessoas "possuem traços genéticos específicos". Contudo, sublinha que a relação entre etnia e mortalidade da COVID-19 só pode ser estudada após o próprio vírus ser analisado. A quinta causa é a vacina BCG contra a tuberculose. Na Europa Oriental ainda se usa a vacina universal contra a doença, enquanto no Ocidente esta prática foi abandonada.
O jornalista comparou a Espanha e Portugal. Este último incluiu a vacina contra a tuberculose no seu plano nacional de vacinação obrigatório, enquanto a Espanha não o fez. Portugal possui cinco vezes menos habitantes que seu vizinho, mas o número de pessoas infectadas é dez vezes menor e o número de mortes na Espanha é 39 vezes maior.
Além do mais, o jornalista ressalta o exemplo da Alemanha, onde a taxa de mortalidade tem sido menor nos estados orientais do país, que haviam sido vacinados contra a tuberculose, em comparação com os estados ocidentais, onde não se administram estas vacinas.