Soros revela 'receita' para 'hibernar' economia dos EUA enquanto pandemia passa

© AP Photo / Kevin WolfGeorge Soros testemunhando no Capitólio em Washington
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O investidor bilionário realça o "catastrófico colapso do emprego" que está ocorrendo no país e apela a ação "rápida, direta e eletrônica" que não envolva "bancos e burocracia".

O impacto econômico da atual pandemia do coronavírus será o maior já sentido nos Estados Unidos, previu o Departamento do Trabalho dos EUA em um relatório divulgado no início de abril. No entanto, o investidor bilionário George Soros tem a receita.

"O catastrófico colapso do emprego nos EUA devido à crise do coronavírus exige muito mais do governo federal do que ele tem feito até agora", disse Soros em um artigo de opinião para o Los Angeles Times escrito na segunda-feira (13) em conjunto com o professor Eric Beinhocker, diretor executivo do Instituto para Novo Pensamento Econômico (INET, na sigla em inglês) da Universidade de Oxford, Reino Unido.

O investidor lembrou que nas últimas três semanas cerca de 17 milhões de americanos relataram estar desempregados e que pelo menos 24% dos empregos nos EUA seriam perdidos nas próximas semanas.

Isso "equivaleria aos piores anos da Grande Depressão, e significaria que mais de 37 milhões de americanos ficam desempregados", disse.

'Modo de espera' para economia dos EUA

De acordo com Soros, é necessário manter a economia dos EUA em "modo de espera".

"Isso exigirá manter as empresas e os trabalhadores tão intactos quanto possível, prontos para 'acordar' e voltar ao trabalho quando a crise de saúde acabar, para impulsionar uma forte recuperação", disse.

Para que essa estratégia funcione, o governo federal "deve garantir imediatamente os salários de todos os americanos durante a crise", disse o bilionário.

Ele apontou vários países afetados pelo coronavírus, incluindo França, Dinamarca, Alemanha, Irlanda, Países Baixos, Reino Unido e Austrália, que forneceram financiamento direto aos empregadores para "cobrir os salários dos trabalhadores e manter os trabalhadores nos seus empregos durante os fechamentos [por causa da COVID-19]".

Soros também elogiou o Congresso norte-americano por ter recentemente aprovado o projeto de lei CARES (Coronavirus Aid, Relief, and Economic Security) no valor de US$ 2,2 trilhões (R$ 11,6 trilhões).

No entanto, ele lamenta o fato de que "os fundos alocados para o programa eram muito baixos e a entrega dos fundos com empréstimos através dos bancos está se mostrando muito burocrática e lenta". Segundo ele, "precisamos de ações rápidas, diretas e à escala".

Lei de Garantia de Pagamentos

Neste sentido, Soros destacou a proposta da Lei de Garantia de Pagamentos (Paycheck Guarantee Act) que prevê "a extensão da proteção aos 152 milhões de trabalhadores da América, e não apenas aos 60 milhões que trabalham em pequenas empresas".

Ele explicou que a proposta esclarece como as empresas poderiam obter suporte "de forma rápida, direta e eletrônica, e não através de bancos e burocracia".

Soros exortou o Congresso e a Administração dos EUA a "agir imediatamente" para deter "o catastrófico colapso do emprego que está ocorrendo atualmente".

© AP Photo / Ronald ZakGeorge Soros observa cerimônia em Viena, Áustria
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George Soros observa cerimônia em Viena, Áustria

"A Lei de Garantia de Pagamentos é tão urgente e benéfica que deve ser introduzida pela Câmara dos Representantes como um projeto de lei separado, em vez de ser adiada até que outro grande pacote de resgate seja aprovado", advertiu ele.

Ele ressaltou que já existem críticos que argumentam que é tarde demais para tais medidas, mas Soros acredita que ainda não é o caso, mas "se nos atrasarmos esperando por uma lei abrangente, será [tarde]".

Soros concluiu o artigo prevendo que a COVID-19 seria eventualmente controlada, acrescentando que "enquanto os americanos são obrigados a 'se proteger onde estão', nós também devemos ajudá-los a 'se proteger no emprego'".

Segundo um estudo do Gabinete de Estatística Sobre o Trabalho dos EUA, durante o mês de março o país perdeu 701.000 empregos e a taxa de desemprego subiu de 3,5% em fevereiro para 4,4%, já que empresas não essenciais fecharam temporariamente para interromper a propagação da COVID-19.

As últimas estimativas da Universidade Johns Hopkins indicam que há cerca de 610.000 casos confirmados de coronavírus nos EUA, com mais de 128.000 mortes.

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