O organismo Iniciativa do Sarampo e Rubéola (M&RI, na sigla em inglês), que reune representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), entre outros, emitiu uma declaração alertando que 117 milhões de crianças podem não ser imunizadas este ano devido à pandemia. Isso colocaria a saúde dessas crianças em risco.
"Como a COVID-19 continua se espalhando globalmente, mais de 117 milhões de crianças em 37 países podem não receber vacinas contra o sarampo, que salvam vidas. As campanhas de vacinação contra o sarampo em 24 países já estão atrasadas, outras [em 23 países] foram adiadas", escreve-se no comunicado.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu novas diretrizes para ajudar os países a prosseguir suas campanhas de imunização mesmo durante a presente pandemia. Essas diretrizes recomendam que os governos suspendam as campanhas de vacinação preventiva em áreas onde não haja focos ativos e considerem o adiamento da vacinação se o risco de disseminação do novo coronavírus for muito alto.
"Os parceiros de M&RI [...] concordam com estas diretrizes. Também instamos os países a continuarem a imunização de rotina, garantindo a segurança das comunidades e dos agentes da saúde […] e a intensificar os esforços para monitorar as crianças não vacinadas, para que as populações mais vulneráveis possam receber vacinas contra o sarampo o mais rápido possível", lê-se na declaração.
A M&RI, apesar de manifestar um acordo de princípio, chama a atenção que isso não deve significar "que as crianças fiquem permanentemente de fora. Devem ser feitos esforços urgentes agora a nível local, nacional, regional e global para suprir as deficiências de imunidade que o vírus do sarampo irá explorar, garantindo que as vacinas estejam disponíveis e que cheguem às crianças e às populações vulneráveis, o mais rápido possível, para mantê-las seguras".
Surtos ativos de sarampo
Em dezembro passado, a OMS divulgou um relatório anunciando que quase metade de todos os casos de sarampo foram relatados na Ucrânia, República Democrática do Congo, Libéria, Somália e Madagáscar.
O sarampo é altamente contagioso e pode levar a sérias complicações, tais como cegueira ou encefalite. Além disso, aumenta o risco de desenvolver pneumonia e doenças intestinais, que muitas vezes resultam em morte.
Apesar da existência de uma vacina segura e eficaz há mais de 50 anos, "os casos de sarampo aumentaram nos últimos anos e resultaram em mais de 140 mil mortes em 2018, na maioria crianças e bebês, mortes que poderiam ter sido evitadas", observa a M&RI.