Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, está propondo à sua administração para apresentar argumentos legais em como os Estados Unidos ainda fazem parte do acordo nuclear de 2015 com o Irã, embora Donald Trump tenha revogado a participação dos EUA em 2018, informou no domingo (26) o jornal The New York Times.
Segundo o relato, as medidas poderiam ser parte de "uma estratégia complexa para pressionar o Conselho de Segurança das Nações Unidas a estender o embargo de armas a Teerã", após o término da atual proibição em outubro, ou uma medida que possa resultar em sanções ainda mais duras para o Irã.
Segundo o alegado plano, a Casa Branca afirmaria que, legalmente, os EUA ainda fazem parte do acordo nuclear de 2015 com o Irã, e essa resolução poderia contornar a oposição da Rússia e da China.
Isso poderia significar que, caso o embargo de armas não seja renovado, os EUA poderiam aplicá-lo a partir da sua posição de signatário, permitindo que a Casa Branca restabeleça as sanções impostas a Teerã antes da assinatura do acordo de 2015.
"Não podemos permitir que a República Islâmica do Irã compre armas convencionais em seis meses", disse o secretário de Estado. "O presidente Obama nunca deveria ter concordado em acabar com o embargo de armas da ONU."
"Estamos preparados para exercer todas nossas opções diplomáticas para garantir que o embargo de armas permaneça no Conselho de Segurança da ONU", declarou Pompeo, de acordo com The New York Times.
Hostilidade entre os dois países
Anteriormente, Pompeo exortou a ONU a estender o embargo de armas contra o Irã, criticando Teerã por seu recente lançamento espacial, chamando seu programa espacial de "nem pacífico nem inteiramente civil". Ele também sugeriu que "jamais um país tentou obter a capacidade de mísseis balísticos intercontinentais a não ser com o propósito de lançar armas nucleares".
Na quarta-feira (22), Trump anunciou ter dito que a Marinha dos EUA deveria "abater e destruir todos e quaisquer barcos de guerra iranianos se hostilizarem nossos navios no mar", uma ação que levou o chefe do Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC), Hossein Salami, a retribuir com a ameaça de uma "resposta esmagadora" que se seguiria a ações hostis contra navios iranianos.
O Irã e outros países, juntamente com alguns legisladores norte-americanos, têm instado repetidamente a administração Trump a levantar suas sanções, pois elas tornam extremamente difícil para Teerã e países vizinhos retardar a propagação da pandemia da COVID-19.
A administração atual, ao invés disso, insistiu que as sanções não impedem o Irã de receber ajuda humanitária ou suprimentos médicos.
As relações entre o Irã e os EUA pioraram após a retirada por Trump do país, em maio de 2018, do acordo nuclear Plano Conjunto de Ação Integral (JCPOA), assinado em 2015. As tensões se intensificaram após o assassinato do general Qassem Soleimani em janeiro de 2020, por ordem do presidente norte-americano.