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Expulsão de diplomatas venezuelanos enfraquece papel de mediação do Brasil, diz analista

© Foto / Antonio Cruz/Agência BrasilO presidente Jair Bolsonaro durante encontro com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, no Palácio do Planalto
O presidente Jair Bolsonaro durante encontro com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, no Palácio do Planalto - Sputnik Brasil
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Expulsão dos diplomatas venezuelanos do Brasil mostra que governo Bolsonaro não quer canal de diálogo com Caracas, o que enfraquece possível papel mediador brasileiro, disse analista à Sputnik Brasil.

Na quarta-feira (29), o governo do presidente Jair Bolsonaro, por meio de ofício do Itamaraty, informou a embaixada da Venezuela que seus diplomatas têm até 2 de maio para deixarem o Brasil.

Em março, o Brasil já havia determinado a saída de seus diplomatas da Venezuela.

A atitude não chega a ser uma surpresa, pois, na prática, as relações entre os dois países já estavam praticamente "rompidas", segundo o cientista político Leonardo Paz.

"De certa maneira, a relação entra Brasil e Venezuela já foi rompida há algum tempo. Desde o início do governo Bolsonaro essa relação é muito ruim", afirmou o pesquisador do Núcleo de Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro.

De acordo com Paz, o gesto mostra que o Brasil está querendo "punir" o país vizinho e demonstrar seu "desacordo" com a gestão Nicolás Maduro. O governo brasileiro reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela.  

Mesmo assim, a saída dos representantes diplomáticos venezuelanos do Brasil significa a perda de mais um canal de diálogo, aponta o especialista.

'Diminuindo capacidade de diálogo'

"Se você remove o extrato mais alto, que são os embaixadores, os conselheiros de um determinado país, você está diminuindo a capacidade de diálogo. Você não tem mais o embaixador no seu país para o ministro das Relações Exteriores chamá-lo até o seu ministério. Para poder ter explicações, conversar, apresentar demandas", avaliou o professor de relações internacionais do Ibmec-Rio.

Para o analista, a gestão demonstra, na realidade, que o "Brasil não quer ter um canal de diálogo de maneira geral" com a Venezuela.

Além disso, Paz afirma que a falta de diplomatas da Venezuela no Brasil pode prejudicar a vida dos imigrantes venezuelanos que vivem em território brasileiro.

'Dificultar vida de venezuelanos que vivem aqui'

"Num grau mais pesado, se você expulsa de fato todos os representantes diplomáticos, você cria um problema para os venezuelanos que querem ter algum tipo de assessoria no Brasil. Afinal, os venezuelanos e todas as nacionalidades dependem de seus consulados para lidar com serviços consulares. Isso pode dificultar a vida dos venezuelanos que já moram aqui", disse o cientista político.

Para resolver a questão, explica Paz, o "governo venezuelano" pode até mesmo "ter que identificar um consulado de uma outra nação para dar apoio aos seus cidadãos".

'Toma parte de um lado'

Segundo o professor, ao claramente se posicionar de um dos lados na crise venezuelana, o Brasil perde sua "capacidade de interlocução e de fazer parte de medidas que possam tentar resolver a situação da Venezuela".

"O Brasil perde um pouco a capacidade de ser um ator, entre aspas, desinteressado, um mediador aceito pelas partes para tentar negociar. Quando ele toma parte diretamente de um lado, ele enfraquece seu papel de mediador", disse Leonardo Paz.
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