Inicialmente, o presidente afirmou que o país não enfrenta uma onda de violência e saques em razão da ajuda emergencial de R$ 600 dada pelo governo – Bolsonaro não mencionou, porém, que o valor foi aprovado pelo Congresso, já que a proposta do governo era de apenas R$ 200.
"Desde começou eu falei que não poderíamos abandonar a questão do desemprego. Chegou ao nível insustentável. O que está mantendo o Brasil longe de saque e de violência são os R$ 600, que tem um limite para acabar", comentou, para depois fazer uma previsão.
"Daqui a dois meses acaba. Se a economia não voltar a funcionar até lá teremos um problema seríssimo no Brasil", acrescentou o presidente, que sempre foi um amplo crítico do distanciamento social, evitando seguir ele mesmo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Instado a falar sobre a situação da Polícia Federal (PF), que já conta com um novo diretor-geral (Rolando Alexandre de Souza) nomeado por ele e indicado por um amigo da família e diretor da Associação Brasileira de Inteligência (Abin), Bolsonaro se exaltou, negando qualquer influência na corporação.
Ao responder sobre a troca do superintendente da PF no Rio de Janeiro, delegado Carlos Henrique Oliveira, que será promovido para a diretoria executiva do órgão em Brasília, Bolsonaro disse que "não tem nenhum parente meu investigado pela Polícia Federal, nem eu nem meus filhos, zero".
"É uma mentira que a imprensa replica o tempo todo, dizendo que meus filhos querem trocar o superintendente [do Rio]. Para onde está indo o superintendente do Rio? Para ser o diretor-executivo da PF. Eu estou trocando ele? Estou tendo influência sobre a Polícia Federal? Isso é uma patifaria", atacou.
Jornalistas perguntaram ao mesmo tempo se Bolsonaro havia pedido a troca, e o presidente rebateu: "Cala a boca, não perguntei nada!", afirmou, irritado.
"[O delegado Carlos Oliveira] vai ser diretor-executivo a convite do atual diretor-geral. Não interferi em nada. Se ele for desafeto meu e se eu tivesse ingerência na PF, não iria para lá. Não tenho nada contra o superintendente do Rio de Janeiro e não interfiro na Polícia Federal", completou.
Na sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o ex-ministro Sergio Moro acusou Bolsonaro de tentar intervir na PF, querendo a troca do diretor-geral e dos superintendentes da corporação no Rio – onde corre a investigação do caso das "rachadinhas" que envolve o ex-policial militar Fabrício Queiroz e o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente – e Pernambuco – estado onde o ex-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, é alvo de apurações da PF.
O presidente ainda atacou a Folha de S. Paulo, chamando o jornal de "canalha", "patife" e "mentiroso" por conta da sua recente cobertura do governo.