"O risco de intubação ou morte não foi significativamente maior ou menor entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina do que entre os que não receberam", afirmaram os autores do trabalho, publicado nesta quinta-feira (7) no The New England Journal of Medicine.
Ainda de acordo com os responsáveis pela pesquisa, ela "não deve ser considerada para descartar benefício ou dano do tratamento com hidroxicloroquina".
"No entanto, nossas descobertas não suportam o uso de hidroxicloroquina no momento, fora de ensaios clínicos randomizados testando sua eficácia", acrescentaram os autores.
O presidente dos EUA, Donald Trump, elogiou frequentemente o uso da hidroxicloroquina como tratamento para pacientes com coronavírus. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro seguiu a mesma retórica, fomentando inclusive o aumento da produção do remédio.
De maneira comprovadamente eficaz, a hidroxicloroquina e um composto relacionado à cloroquina têm sido usados há décadas para tratar a malária, bem como os distúrbios autoimunes do lúpus e da artrite reumatoide.
O estudo observacional foi realizado entre pacientes de pronto-socorro no Hospital Presbiteriano de Nova York e no Centro Médico Irving da Universidade Columbia, e foi financiado pelos Institutos Nacionais da Saúde.
Para a pesquisa, 811 pacientes receberam duas doses de 600 mg de hidroxicloroquina no primeiro dia e 400 mg por dia durante quatro dias. Outros 565 pacientes não receberam o medicamento. Comparando os dois grupos, "não houve associação significativa entre uso de hidroxicloroquina e intubação ou morte", afirmou o estudo.
A Health Canada, a Agência Europeia de Medicamentos e a Administração de Medicamentos e Alimentos dos EUA (FDA, na sigla em inglês) alertaram contra o uso de hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19 fora dos ensaios clínicos.
Na semana passada, os reguladores norte-americanos autorizaram o uso emergencial do remdesivir experimental contra a COVID-19, depois que foi demonstrado em um grande ensaio clínico que reduzia o tempo de recuperação em alguns pacientes com o novo coronavírus.