A destruição da porção brasileira da Amazônia aumentou 64% em abril, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo dados preliminares de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Nos primeiros quatro meses do ano, o desmatamento na Amazônia aumentou 55% em relação ao ano anterior, para 1.202 quilômetros quadrados, segundo dados do INPE compilados pela agência Reuters.
A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo, e os cientistas dizem que sua preservação é vital para conter o aquecimento global devido à grande quantidade de gases de efeito estufa que absorve.
A destruição da Amazônia subiu para uma alta de 11 anos no ano passado e continua a subir em 2020, que os ambientalistas atribuem às políticas do presidente Jair Bolsonaro, que incentivou madeireiros, mineiros e fazendeiros ilegais.
Bolsonaro pediu mais agricultura e mineração em áreas protegidas da floresta, dizendo que é a única maneira de tirar a região da pobreza.
O novo surto de coronavírus complicou os esforços para combater o desmatamento, com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) enviando menos agentes para o campo devido a riscos à saúde. A agência disse que reduzirá os agentes de campo em outras áreas de risco, mas não na Amazônia.
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"A pandemia não ajudou porque aparentemente há menos agentes por aí, e madeireiros ilegais obviamente não se importam com o vírus em áreas remotas da Amazônia", declarou Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon, instituto sem fins lucrativos da Amazônia.
Barreto e outros ambientalistas, incluindo os da ONG Greenpeace, disseram que o aumento já estava ocorrendo no ano passado devido a medidas do governo que incentivavam a extração ilegal de madeira, em particular um decreto agora perante o Congresso que poderia dar o título a grileiros que invadiram terras públicas e indígenas.
À medida que o desmatamento dispara, Bolsonaro na quinta-feira (7) autorizou o envio de Forças Armadas para deter madeireiros ilegais e combater o desmatamento e os incêndios florestais na região. Os defensores do meio ambiente dizem que a medida pode ajudar no curto prazo, mas não é uma solução duradoura.
Os agentes do Ibama manifestaram consternação com o desmatamento nos últimos meses, apesar da atual estação chuvosa na Amazônia, o que dificulta a travessia da floresta e geralmente impede a extração ilegal de madeira.
Partes da Amazônia que são pontos quentes para o desmatamento, como o sul do Pará, registraram níveis de chuva acima da média, o que normalmente levaria a uma queda no desmatamento, afirmou Carlos Nobre, cientista de sistemas terrestres da Universidade de São Paulo (USP).
Nobre alertou que as chuvas diminuirão nos próximos três meses à medida que a estação seca ocorrer, que é quando o desmatamento atinge o pico na maioria dos anos.